Santana, Sua Gente, Seu Humor

Crônicas

Luiz Antônio de Farias, capiá

No dia 04 de maio último estive no lançamento do livro Santana, sua gente... seu humor, do confrade Bartolomeu Barros, membro da Academia Santanense de Letras Ciências e Artes. O evento aconteceu na Câmara Municipal e, pela notoriedade do escritor, foi prestigiado por familiares, amigos, autoridades e membros da sociedade local assim como de outras cidades adjacentes. A festa teve como mestre de cerimônia o jornalista José Malta Fontes Neto, que procedeu à condução com pertinaz competência.
Sempre que compareço a essa espécie de solenidade, aflora em mim a curiosidade em saber o conteúdo do trabalho, porque sempre “bato na tecla” que nós, que lidamos com as letras, temos o compromisso de repassar para os advindos registros de figuras que fizeram parte da nossa história, como também relatar fatos, acontecidos ao longo do tempo, para que não caia no ostracismo nossa passagem por este rincão sertanejo. Em seu terceiro trabalho, o obreiro – para utilizar a designação do prefaciador – além de focalizar pessoas da atualidade, fez ressurgir personalidades que merecem ser rememoradas.
A obra, sob comento, foi prefaciada pelo competente escritor Antônio Alves Sobrinho que, de forma precisa, descreveu minuciosamente grande parte da trajetória da vida do autor, quando este se apresentou com destaque, nos mais diversos segmentos da comunidade santanense, dando sempre robustos exemplos de desprendimento, humildade, boa vontade, liderança e ajuda ao próximo. São dignas de registro, ainda, as declarações do amigo Dr. José Arraes Onofre e da arquiteta Rosa Alice Aquino Barros, sua filha.
Apesar de ser considerado homem dos “sete instrumentos”, uma atividade que nunca “encheu seus olhos” foi com relação à política partidária. Acredito que tenha sido por conta da forma desvirtuada de como os políticos exercem seus compromissos, sempre envolvidos com práticas desonestas, incompatíveis com o exercício do mandato. Ele foi tentado algumas vezes a se candidatar a prefeito de nossa cidade, no entanto sua peculiar habilidade o fazia se desvencilhar das tentativas.
Tendo como instrução acadêmica apenas a educação básica, não houve empecilho para Bartolomeu galgar espaços importantes no campo empresarial, bem como para alcançar os postos mais altos em renomadas instituições como o Rotary, Maçonaria, Associação Comercial, Associação de Criadores, apenas para citar algumas. Visto que, pelas diversas funções exercidas, tinha que lidar com pessoas com nível intelectual mais elevado, ele criou o hábito da leitura para superar a deficiência para dialogar “pari passu” com os interlocutores mais eruditos.
Vale ressaltar, inclusive, o lado romântico do autor, quando se refere a Santana de outrora, “do tempo dos quintais”, para parafrasear o sanfoneiro Sivuca. Saudosamente ele recorda os tempos de teatro, das serenatas, dos bares com sinucas e outros jogos similares, dos bons papos na antiga e esplendorosa Praça Manoel Rodrigues da Rocha – criminosamente destruída, em nome da fatídica modernidade – dos “assaltos” (no bom sentido), das transmissões da Voz do Munícipio, dos pastoris e reisados, sem deixar de fora as famosas “casas de saliência”.
Por outro lado nota-se, no livro, sua preocupação com a ecologia, onde o desrespeito à flora, à fauna e as agressões ao meio ambiente são incontestáveis. Demonstra inquietação também com o avanço da tecnologia, que se de um lado acelera a comunicação, paradoxalmente deixa o ser humano cada vez mais isolado, submetendo-o a um comportamento de completa individualização, levando-o a uma situação de quase banimento.
Isto foi o que vi. Resta a todos nós aguardar o próximo trabalho, do estimado Bartô.

Recife, junho/2019

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