HOMENAGEM FEITA POR MIM A DOM DULCÊNIO FONTES DE MATOS, BISPO ELEITO DA DIOCESE DE CAMPINA GRANDE-PB E ADMNISTRADOR APOSTÓLICO DA DIOCESE DE PALMEIRA DOS ÍNDIOS-AL
DOM DULCÊNIO!
Normalmente não levo muito jeito para fazer homenagens, mas não poderia deixar passar esse momento da vida de V. Ex.ª.
Pois bem! No ano de 2016, em uma palestra que proferi, na I Feira Literária e Cultural dessa cidade de Major Izidoro, onde atualmente sou pároco, falando sobre a história de cada pessoa que, mesmo consequente de suas escolhas, está de certa forma condicionada a tudo que gira a sua volta, afirmei que a arte de se comunicar foi, é e continua sendo fundamental para a construção do histórico de sua vida.
Revendo alguns textos que publiquei no jornal da diocese, no meu blog, rede social, site Maltanet ou mesmo nos livros já publicados, um deles me chamou a atenção em relação a pessoa de V. Ex.ª: “Passado, Presente, Futuro”.
Há quem diga que de passado vivem os saudosistas, ou os derrotistas. No fundo há um pouco de verdade nesta afirmativa. Do ponto de vista de que o homem se “prenda” ao passado, excessivamente, a ponto de somatizar as falhas de outrora colocando em situação de risco seu presente e seu futuro, Sim. Porém, ele não pode “desconsiderar” seus “feitos” ou “desfeitos”; tanto porque o que ele é no hoje de sua existência nada mais é do que a somatória de tudo o que ele fez, desfez ou deixou de fazer, disse, desdisse ou deixou de dizer, buscou ou deixou de buscar; mais o que herdou pelo código genético de seus ancestrais. Claro que também o meio social teve sua parcela de contribuição.
Há quem afirme que se deve viver intensamente o presente, pois “o amanhã será outro dia”. Logicamente que viver o “hoje” com toda intensidade é uma verdade, porém não se pode esquecer que o “amanhã” mesmo sendo outro dia, deverá estar permeado de consequências do dia de hoje.
A expressão: “viver intensamente” não pode ser interpretada, vivida sem ter em conta a responsabilidade individual e social do livre arbítrio. Genericamente falando, o homem pode agir onde, quando e do jeito que quiser. Moralmente falando, nem tudo ele pode fazer ou dizer. Diz São Paulo: a 1ª carta de São Paulo aos Coríntios: “‘Tudo me é permitido’, mas nem tudo convém. ‘Tudo me é permitido’, mas não me deixarei escravizar por coisa alguma” (1Cor 6,12). O homem livre, no sentido cristão, fala, toma decisão, age sempre com responsabilidade, pensando não somente em si, mas no outro.
Também, há quem diga que não se deve “perder tempo” pensando no amanhã. Há ainda aqueles que afirmam: O amanhã, só Deus sabe. Outros dizem que o amanhã “está nas mãos de Deus”.
Certamente que não se pode “antecipar” o amanhã, pois ele ainda é futuro, inclusive dependente do “hoje”. Mas dentro do “agir responsável” ele já está em potência. Pensando nas consequências, positivas ou negativas, do que se faz, já se terá uma ideia do que possa ser o “amanhã” ou os “n”(s) amanhãs da vida. Se o homem refletir sobre seus próprios atos, terá uma noção bem precisa do seu futuro.
Quanto à afirmativa: “o amanhã está nas mãos de Deus”; do ponto de vista do Amor de Deus pelo homem e mulher, criaturas mais amadas, perfeitas, preciosas da criação, está certíssima, pois Deus nunca abandona as obras de suas mãos. Não resta dúvida de que Deus age, mas uma vez que o homem é dotado de razão, liberdade, sensibilidade; deverá fazer a parte que lhe cabe.
É nessa perspectiva de raciocínio, que pensei em V. Ex.ª.
Não sei quais os critérios que a Santa Sé usa para fazer suas escolhas no que diz respeito às nomeações. Mas suponho que a partir da capacidade de se comunicar, do caráter, da postura, da capacidade de visão, de administração, da fé, sobretudo, de obediência a Palavra de Deus, ao Santo padre, o Papa; ao Magistério, à Tradição da Igreja, tudo expressada no passado e no presente do eleito, são fatores determinantes para a decisão. Também, suponho, deva ser levada em consideração os desafios existentes no território onde o eleito vá exercer seu ministério.
V. Ex.ª é, sem dúvida, um excelente comunicador; um homem que sabe olhar para o passado, não para se lamentar ou se prender a ele, mas para tirar lições para o presente e, neste projetar e construir seu futuro. V. Ex.ª é capaz de ver a saudade, enquanto sentimento positivo, capaz de motivar-se cada vez mais. O agir de V. Ex.ª, no “hoje da vida”, é edificante, pois é consciente, objetivo, sincero, benéfico, alicerçado no “eu” e no “tu” para que haja um “nós”, não somente nesse mesmo “hoje da vida”, mas, também, no futuro.
A inteligência de V. Ex.ª é, explicitamente, alicerçada na fé, não subjetiva, mas existencial cristã. Com isso, V. Ex.ª, inteligentemente, administra seu passado e seu presente, com equidade, tendo em vista seu futuro. Não se prende a nenhum deles, afinal sua vida foi oferecida a Jesus Cristo. És, de fato, um homem de Deus!
Tendo em vista, tudo isso que falei, não foi muito surpresa para mim ao ser comunicado da nomeação de V. Ex.ª para bispo da diocese de Campina Grande/PB.
Para onde quer que V. Ex.ª vá, esteja, ou seja ainda enviado, procure sempre se aperfeiçoar na fé que Deus lhe deu. Deus não dá um talento para que este seja escondido, mas para que seja trabalhado, partilhado... Acredito no potencial de V. Ex.ª, como homem, como cristão, como amigo, como Pastor.
Saiba V. Ex.ª que, mais que a alegria de ter sido escolhido por Deus para o pastoreio, é saber que Deus continua nos surpreendendo ao nos fazer perceber que ele sempre tem algo de novo para nós!
Que Nossa Senhora Aparecida, aquela a quem celebramos solenemente nesse dia 12 de outubro, e Santo Antônio de Pádua roguem a Deus por V. Ex.ª.
Comentários