No meu dia-a-dia, é comum receber pessoas pedindo ajuda, para si ou para parentes, amigos que passam por esse flagelo social.
Cada pessoa que acolho, procuro fazer uma rápida investigação não somente de seu passado como também de seus familiares – gostos, desgostos, fatos positivos ou negativos que marcaram sua vida; questões relativas a ansiedade, medos... outros possíveis momentos depressivos no passado, o que mais gosta, o que ais detesta... se já foi ou se sendo acompanhada por psicólogos, psiquiatras...
Diante dessas informações e, quando possível, após uma conversa com seus responsáveis diretos, geralmente chego a um “diagnóstico”.
Acredito que tal situação de conflito não passa de uma consequência de um fato ocorrido num passado distante ou próximo, associada ao psicológico/fisiológico da pessoa construído ao longo da linha do tempo de sua vida e que, de alguma forma, despertou... Tendo acontecido isso, a pessoa optou, de forma doentia, fechar-se em si mesma, abrindo mão da vida social/familiar.
Normalmente quando vou orientá-las, uma das primeiras perguntas que faço é: “Você quer sair dessa situação de conflito interior?”
Nos meus quase vinte e quatro anos de sacerdócio, somente uma pessoa respondeu, “Não”. Descobrir, posteriormente, que, nesse caso específico, não se tratava de depressão, mas de uma espécie de “pantim” em função de um conflito em relação a obediência entre a pessoa e seus pais.
Voltemos a questão!
Ao dizer “sim”, a pessoa já está dando o primeiro passo para sair desse conflito. Mas não basta dizer “sim”. É necessário dar vida a essa afirmativa verbalizada. Em outras palavras esse “sim” não deve ser apenas um artificio da inteligência, mas a “primeira porta” que se abre para a cura. Esse “sim” é tão importante que acredito já ser 50% da cura.
A partir dessa “porta” que deve ser aberta, outras são necessárias.
Se a depressão está relacionada a problemas provocados por outros – seja da família ou não –, contra a pessoa, o perdão deve ser profundamente trabalhado.
Se é uma consequência de atitudes da própria pessoa, deve-se levar em conta de que nenhum erro supera a misericórdia divina. Ou seja: se grande é o pecado, maior é a misericórdia, a graça divina. Duvidar disso é duvidar do amor de Deus para conosco, do seu perdão...
Caso o problema tenha sido decorrente de problemas familiares, não diretamente relacionados a ela, mas, por exemplo, aos seus pais – muitos casos têm essa origem –, não somente a pessoa afetada, mas a família precisa de um acompanhamento. Lógico que o psicológico – ansiedade, medo... – interfere, e muito.
Não há dúvidas de a ansiedade e o medo até certo ponto são importantes na construção de qualquer personalidade. Por mais contraditório que possa parecer, a ansiedade e o medo até nos motiva, pois testa nossas capacidades. Eles se tornam nocivos quando ultrapassa, corrói o senso crítico e começam a dominar os atos humanos.
Dependendo da origem do problema – causa – e do estado em que a pessoa se encontre, sugere-se um acompanhamento médico/psicológico. A medicina é um dom de Deus e deve ser buscado, quando necessário.
Importa motivar a pessoa depressiva a dar passos em direção a liberdade que ela perdeu ao se enclausurar no conflito interior que a perturba. São esses passos que a ajudará a retomar sua vida à normalidade que possuía anteriormente...
Sugere-se que a pessoa, na medida do possível, procure desenvolver alguma atividade, de preferência algo que faça com que ela se sinta o melhor possível.
Dependendo de cada pessoa e do contexto de vida dela, muitas sugestões podem ser trabalhadas... A família, os amigos são companhias essenciais para colaborar na recuperação de toda pessoa depressiva...
Quem possa estar preocupado exageradamente com o que quer que seja, procure ajuda o mais breve possível...
Não deixe a depressão te dominar... A domine! Você é o ser pensante, não ela... Ela não passa de pensamentos desordenados e noscivos que envenenam o psicológico, a alma, podendo até a atingir o corpo...
Quanto mais demorar, mais será complicado o seu retorno ao estado de normalidade...
Independentemente do que possa estar acontecendo conosco, a vida segue!!!
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