DE BEM COMIGO MESMO, HABILITADO ESTOU PARA AJUDAR AOS OUTROS

Pe. José Neto de França

Fui educado desde cedo para hierarquizar os problemas do dia a dia, transformá-los em desafios e voltar à minha atenção para esses desafios, de acordo com o que elenquei partindo do mais para o menos importante. Isso diz respeito ao que se refere a mim para comigo mesmo, a mim em relação com a família, a mim para com a comunidade maior (igreja, escola, trabalho, amigos/as em especial...)

Eu jamais terei plena possibilidade de resolver problemas alheios se antes não resolvo os meus próprios. Não posso me esquecer de que tenho um imenso mundo dentro de mim; mundo esse que é tão complexo como o que existe fora de mim.

Esse mundo exterior vai ser exatamente igual para todos, porém, cada pessoa o verá ou sentirá, de acordo com o que exista dentro dela. Por isso que, está de bem conosco mesmo, faz-se necessário.

Daí ser importante refletir sobre nossos medos, nossa coragem, nossos acertos, desacertos; qualidades, defeitos; nossas fortalezas, fraquezas... Sabendo avaliar a nós mesmos, nossas decisões serão mais transparentes, certeiras. Os nossos erros diminuem. Solucionaremos mais facilmente aquilo que, de alguma forma, possa estar nos causando danos... Aí sim. Estaremos capacitados para ajudar o outro, independentemente de quem seja o outro.

Essa técnica de começar por aquilo que seja, de fato, mais urgente, creio ser a mais coerente com o existir humano.

Quando se parte para ajudar o outro, ainda deve ser levado em conta se o outro quer, realmente, ser ajudado. Para isso ele, o outro, tem que demostrar disposição no falar e no agir. Por exemplo: se alguém que seja analfabeto sinalize verbalmente que quer aprender a ler/escrever, mas não faça o mínimo esforço para atingir o que verbalizou, qualquer ato de quem queira ajudar, nesse sentido, é inválido.

Eu, por exemplo, quando alguém vem a mim com algum problema, seja espiritual ou físico (nem sempre é espiritual), uma das primeiras perguntas que faço é: “Você quer mesmo ser curado?” Em meus quase 27 anos de sacerdócio ministerial (estou escrevendo esse texto no início de 2022), só uma pessoa disse “não”. Ora, se alguém recusa ajuda, aí o problema já não é mais de quem oferece a ajuda, embora naquilo que seja possível ainda possa até fazer algo...

Ainda nesse contexto, se a pessoa quer ou não ser ajudada, há de se observar o problema e sua evolução na pessoa que esteja passando por tal ou qual situação. Alguém, por exemplo, que esteja num estado agudo de depressão, sua resposta, qualquer que seja, está comprometida. Aí quem vai oferecer ajuda deve ter o bom senso de “entrar cirurgicamente” no mundo dela para trabalhar o seu resgate.

Bom. Isso é o que penso. Quanto mais estivermos de bem conosco mesmo, mais habilitados estaremos para ajudar aos outros. Em síntese, humanamente, o ponto de partida é nós mesmos.

E você? O que acha disso?

Enigmas da vida!!!

[Pe. José Neto de França]

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