COVID-19: ONDE ESTÁ O RISCO MAIOR?

Pe. José Neto de França

Ao entardecer do domingo, 04 de abril de 2021, ao navegar pelos sites de notícias, abrindo o “Portal Terra”, deparei-me com a manchete: “Frente de Prefeitos pede manifestação urgente de Fux”.

Logicamente que já sabia que tal publicação referia-se a uma reação a liminar de Kassio, Ministro do Supremo, a favor da abertura das Igreja em todo território brasileiro, já que muitos prefeitos as haviam “fechado”.

Fui ao texto e constatei a impetuosidade com que o presidente da Frente Nacional de Prefeitos, Jonas Donizette e outros Ministros do Supremo se posicionaram contrários, alegando o momento vivido no Brasil em relação a pandemia da COVID-19.

Pelo retrospecto dos problemas políticos brasileiro desde a eleição de Bolsonaro, onde imprensa, grande parte do Congresso e Senado, além do Supremo e outros segmentos da sociedade, “o que parece”, na verdade, é que essa preocupação de prefeitos e ministros etc. não é tanto por causa do vírus, mas para confrontar o Presidente, por ter manifestado apoio às Igrejas.

Por que penso assim? É só olhar para o que aconteceu no ano passado (2020). Foi aquela questão toda sobre as restrições sanitárias impostas pelos governadores/prefeitos em grande parte do território brasileiro, a partir do mês de março, mas quando foi se aproximando do período eleitoral, eles mesmos (governadores/prefeitos), além dos políticos de todos os partidos, segundo seus interesses, foram “afrouxando” os decretos anteriormente emitidos.

Em plena campanha, vergonhosamente, grande parte da imprensa se calou diante do que estava acontecendo: carreatas e mais carreatas com grandes concentrações antes, durante e depois, com a maioria dos participantes sem cumprir as determinações dos decretos; caminhadas, “mini”-comícios, festinhas aqui e acolá etc. etc...

Muitos se comportavam como se a pandemia tivesse acabado. Afinal, um cargo político estava em jogo.

Passadas as eleições o número de contaminados aumentou, o de óbitos disparou e muitas cidades “voltaram” a se preocupar com o problema novamente. Esqueceram-se de que foram eles, políticos e poder judiciário, os irresponsáveis que permitiram o tal disparo.

Veio o fim do ano com muitas festas particulares “pipocando” em muitos lugares. O novo ano começou a as irresponsabilidades continuaram.

Agora essa tal “Frente de Prefeitos” vem se manifestar como se as Igrejas fossem as responsáveis pelo aumento de casos em meio a pandemia.

Em relação a Igreja Católica, na qual exerço o Sacerdócio Ministerial, certamente que estamos levando muito a sério. Vejam a quantidade de pessoas que acolhemos nos Templos.

Seguimos rigorosamente a questão do distanciamento, os cuidados com a higienização das mãos dos fiéis, bancos de igreja, microfones, objetos sagrados, da próprio Templo com álcool 70. Nos preocupamos com a medição da temperatura dos fiéis, com a questão das máscaras, com a conscientização de todos para os cuidados com a saúde...

Diferente, por exemplo, dos transportes públicos (ônibus, metrô, avião...) onde a aglomeração é visível, além dos Bancos, Supermercados, feiras-livres etc. etc...

Aí eu me pergunto: onde está o risco maior?

Creio que tais autoridades deveriam ser mais coerentes com o que pensam, com o que dizem e com o que fazem.

Em tempo de uma crise tão significativa como a que estamos passando, não resta dúvida de que a fé, para quem acredita de fato e não de boca, é fundamental para apaziguar os corações dos que vivem atribulados pelo medo do “coronavirus”, pelo emprego perdido por causa do “fique em casa”, pela fome que passa, pela desilusão em função dos acontecimentos... E é na Igreja, que muitos encontram alívio, alento!!!

Para muitos, só Jesus na causa!

Resta a esses “desvalidos” tomar as devidas precauções para que sua imunidade e a ajuda divina o salve; tanto porque, com vírus ou sem vírus, a vida segue!

Enigmas da vida...
EGO, ME IPSO!!!
[Pe. José Neto de França]

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