ESTÁTUA DA LIBERDADE EM MACEIÓ

Djalma Carvalho

Vocábulos, como original, cópia e réplica, pelos seus significados, possuem vida familiar harmoniosa, próximos um do outro, como bons vizinhos, dentro da comunidade chamada Língua Portuguesa.
De outra parte, sempre me despertaram atenção curiosos fatos históricos, notadamente os relacionados à História do Brasil, matéria disciplinar da qual sempre gostei como ginasiano.
O episódio da história política do Brasil, aqui tratado resumidamente, denominado 18 do Forte de Copacabana ou Revolta dos 18 do Forte de Copacabana, por exemplo, ocorreu em 5 de julho de 1922, reunindo 301 militares. Movimento tenentista, liderado pelo capitão Euclides Hermes da Fonseca e pelo tenente Siqueira Campos, contrário à República Velha e de contestação da eleição do presidente da República Artur Bernardes.
Nessa mesma data, o Forte de Copacabana foi bombardeado a mando do governo constitucional. Dos 301 militares rebelados, 272 renderam-se. O capitão Euclides, porém, acabou sendo preso. Os 18 saíram em marcha, armados, pela Avenida Atlântica, no Rio de Janeiro. Ao final da marcha, os tenentes Siqueira Campos e Eduardo Gomes ficaram feridos, além de dois soldados. Os demais morreram em combate contra as forças do governo.
Em Maceió foi dado o nome de 18 do Forte de Copacabana a uma praça no bairro de Jaraguá, em frente ao cais do porto.
Nessa praça, localizada nos fundos do Museu da Imagem e do Som de Alagoas (Misa), acha-se instalada a Estátua da Liberdade, original, (mede 3m, com o pedestal, 6m), assunto sobre o qual se debruçaram os pesquisadores Edberto Ticianeli e Joel Reis, daí resultando dois longos artigos publicados na histórica galeria Maceió, Memória Urbana.
Que tem a ver a Estátua da Liberdade em Maceió com o movimento tenentista 18 do Forte de Copacabana? A meu ver, nada.
O escultor francês Fredéric Auguste Bertholdi é o responsável pela construção da Estátua da Liberdade de Nova Iorque, inaugurada em 1876 por ocasião do centenário da independência dos Estados Unidos. A construção dessa monumental estátua (mede 46,9m, com pedestal, 92,5m) contou com a participação do engenheiro Alexandre Gustave Eiffel, responsável pelo projeto da Torre Eiffel, de Paris.
O escultor Bertholdi também construiu mais duas Estátuas da Liberdade. Uma delas (12m, com pedestal, 22m) encontra-se em Paris, no Jardim de Luxemburgo, perto da Torre Eiffel. A outra foi trazida para Maceió em 1904 por Rosalvo Ribeiro, renomado pintor e artista plástico alagoano, com formação no Rio de Janeiro e em Paris. A belíssima obra de arte foi presente do escultor Bertholdi ao renomado artista alagoano, de quem era amigo.
Em 1905, a Estátua da Liberdade foi instalada na Praça Wanderley de Mendonça – depois conhecida como Praça Dois Leões – por conta do moderno projeto de Rosalvo Ribeiro, no sentido de embelezar o bairro, criando o Jardim de Jaraguá, como centro de recreio.
Voltemos, então, ao assunto inicial desta conversa, antes de tratar dos caminhos percorridos em Maceió pela “andarilha Estátua da Liberdade”, como bem assinalou o pesquisador Edberto Ticianeli.
Cópia, segundo mestre Aurélio, é uma reprodução de uma obra de arte. Réplica é uma reprodução ou cópia, exata ou muito próxima da original. Original, então, é a que provém da origem. Originária. Feito pela primeira vez.
Disse Ticianeli: “Recentemente, por exemplo, foi suscitada polêmica sobre a existência de apenas três peças dessas com a originalidade de serem cópias produzidas pelo próprio Bertholdi, e a de Maceió seria uma delas.”
Cópia, réplica ou original, a verdade é que a belíssima obra de arte de autoria do escultor francês Bertholdi se encontra em Maceió.
Em 1918, o governador Batista Acioli promoveu a reforma da Ponte de Embarque de Jaraguá. A estátua foi transferida da Praça Dois Leões para a Praça 18 do Forte de Copacabana.
Em 1939, com a comemoração dos cem anos da promoção da Vila de Maceió a capital da província, a estátua foi removida para o centro da Praça do Centenário, no bairro do Farol.
Em 1956, com a morte do general Pedro Aurélio de Góis Monteiro, o governo alagoano construiu uma estátua do general, instalando-a na Praça do Centenário, no lugar da Estátua da Liberdade.
Daí, desvalorizada, a Estátua da Liberdade foi transferida para a Praça Abelardo Duarte, no bairro da Pajuçara.
Finalmente, em 1994, o prefeito Ronaldo Lessa acabou com o “passeio” da Estátua da Liberdade por Maceió, retornando-a para a Praça 18 do Forte de Copacabana, em Jaraguá, de onde saíra em 1939.

Maceió, março de 2021.

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