Numa manhã, durante uma visita a avó de um amigo, enquanto “prosava” com ela sobre um acidente que aconteceu com seu neto, esse meu amigo, ela, num bate-pronto disse-me: “Quem é bom demais pra os outros é ruim para si”.
Mas, vamos ao caso.
Esse meu amigo tem um pouco mais de vinte anos, é uma pessoa simples, sem vícios e muito dedicado aos estudos; jovem que não é muito fácil de encontrar nos dias de hoje onde a maioria tendem ao oposto.
Uma de suas características o que tem lhe valido muitos “puxões de orelha” de minha parte é o fato dele ter dificuldade em dizer “não” a quem a ele recorre.
Logicamente que tudo que favoreça legalmente e contribua para o crescimento de quem quer que seja e, também, seja possível a quem possa ajudar, o “sim” será extremamente necessário.
Mas, há pessoas, principalmente aquelas que não se preocupam com as perspectivas de futuro e que pensam somente nos “prazeres” do momento, que se aproveitam das pessoas como o meu amigo.
Em um dia de sábado, já passava das 22h quando meu amigo estava chegando a sua casa, vindo de uma visita que fizera a outro amigo dele residente na mesma rua.
Apareceram-lhe duas conhecidas, e pediram para ele as levar, de moto, à uma festa que estava acontecendo num povoado próximo. Ele, sem pensar no risco de colocar aquelas duas criaturas na moto, além do problema de ser à noite (a estrada que ele pegou não é muito recomendável para o horário), prontamente aceitou, inclusive pegou não a sua moto, mas a de sua irmã.
No meio do caminho, eis que um pneu estourou e aconteceu o acidente. Às duas caronas sofreram apenas ferimentos leves. Já meu amigo, bateu a cabeça no chão, ficou desacordado, teve que ser socorrido ao hospital local, e transferido, posteriormente, para outro numa cidade próxima.
Ele, meu amigo, só veio se dar conta de quem era, no domingo, já próximo de receber alta médica. Retornou para sua casa com um ferimento na cabeça (onde levou alguns pontos) e com a perna esquerda enfaixada.
Na manhã da sexta-feira seguinte o levei ao hospital local para avaliar a questão da perna. Segundo o médico, havia sangue acumulado no joelho. Ele foi, então, encaminhado para o hospital de outra cidade para a drenagem. Lá foi constatado a ruptura dos ligamentos.
O resultado de tudo isso é que ele está agora aguardando a boa vontade do SUS para poder marcar a cirurgia.
Conversando recentemente com ele e ouvindo-o reclamar das dores físicas, disse-lhe que o que ele estava passando nada mais era do que o fruto de suas escolhas. Assumisse o presente e procurasse tirar lições do que aconteceu para evitar problemas futuros.
O que fiquei chateado foi o fato das duas criaturas, para escaparem de reprimendas, falarem para as suas mães que meu amigo foi quem as convidou. Sorte do meu amigo que nada de mais agrave aconteceu com elas e também pelo fato das mães de cada uma não terem acreditado na mentira que elas contaram.
Enfim, o que a avó de meu amigo falou eu já tinha dito para ele. De fato, não se deve dizer “sim” a tudo que nos peçam. Temos que ter coerência no falar e no agir.
Amigo não é fazer tudo o que o outro pede, mas fazer o que o outro precisa.
Enigmas da vida!!!
[Pe. José Neto de França]
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