SÃO VICENTE
O final do ano sempre traz um clima de reflexão sobre o que fizemos de um ano que está por terminar. Deparamo-nos com muita gente com alto nível de estresse, outros angustiados, outros preocupados com as compras de natal e fim de ano para as famosas ceias que reúne toda a família.
A cada final de ano, buscamos um ano novo que vive adormecido dentro de nós, como diz o poeta Carlos Drummond de Andrade. Um ano melhor do que o que passou, com muitas realizações, claro que essas realizações só dependem de nós e que o ano só será novo se assim o fizermos.
Tempo de pensar. Em que? Já não pensamos tanto? Tempo de agir. Agora como em toda hora é tempo de agir. Não é tempo de ficar sozinho sentindo pena de nós mesmos porque não conseguimos ou não fizemos isto ou aquilo. Não dá para viver sentindo pena de si e muito menos esperar que os outros tenham pena de você o ‘coitadinho’ porque os outros têm mais o que fazer. Eles têm uma vida para viver, assim como você.
Seja útil, só assim você se sentirá feliz. Ao perceber que servimos para alguma coisa e para alguém começamos a nos encontrar conosco mesmos. É preciso fazer para poder ser. Fazer os outros felizes para também estarmos felizes, fazer o bem para recebermos o bem, sermos caridosos para que possam ser caridosos conosco, sermos carinhosos e afetuosos para poder ter tudo isso, como bem nos deixou São Francisco, “é dando que se recebe”, se você não ofertou nada em 2012 como pede para receber em 2013?
São Vicente de Paulo, segundo a pesquisa realizada, descobriu o que devia fazer: viver para os pobres e pelos pobres, representar suas vozes abafadas diante de uma sociedade excludente. Modelos não nos faltam, nos falta coragem para fazer.
Ao visitar a casa de acolhimento SÃO VICENTE, percebi quão grandiosa é a oportunidade de crescimento espiritual e humano advindo daquela comunidade. De acordo com as informações que me foram repassadas, existe na casa treze idosos, divididos em sete mulheres e seis homens.
Que mundo impressionante e fantástico onde a relutância em enxergar prepondera em nosso cotidiano. É impossível visitar essa casa sem se deixar invadir por profundas e sapienciais reflexões que acrescenta nossa vida. Olhares distantes, silêncio que incomoda, gritos fortes, se de revolta não sei, muito sono, pois quando dormimos não vemos o que fizeram de nós e uma necessidade premente de companhia.
Uns deitados descansando, outros em camas observando, fazendo crochê, engatinhando, na cadeira de balanço e dormindo, pois é menos dolorido quando se dorme. A cuidadora que me recebeu parecia um anjo da guarda, mostrava carinho e atenção pelos cuidados. Conhecia a todos, seus gostos, suas manhas, seus jeitinhos e suas histórias, ora amargas ora felizes.
Segundo a cuidadora os que conhecem suas famílias ainda recebe a vista dos seus parentes queridos, mas para aqueles que não as conhecem por vários motivos não recebem a visita de seus parentes.
Não tenho a intenção de criticar os motivos pelos quais cada um tomou essa decisão, quero lhes convidar para também neste fim de ano e como em todo o ano novo que se inicia a fazerem parte dessa corrente do bem através de visitas e doações tão necessárias a essa casa.
Se ainda se pergunta o que fazer para se sentir bem e deixar um pouco de viver reclamando da sua vida que não é boa, faz uma visita lá, te garanto que eles saberão que você é muito mais necessário nesse mundo fazendo o bem do que sendo simplesmente ninguém a cada ano que se passa.
Até breve
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