SUA BENÇÃO

José Malta Fontes Neto

Para começo de conversa, precisei ir à internet buscar o significado e aplicação da palavra bênção. Eis a definição:

Do latim benedictĭo, bênção é a ação e o efeito de benzer ou abençoar. O verbo refere-se à ação de louvar, bendizer, proteger ou consagrar algo ao culto divino ou invocar a bênção divina a favor de algo ou de alguém.

Posto isto, a bênção é a expressão de um desejo benigno que se dirige a uma pessoa, a um ou vários objetos e que, através da própria expressão, se realiza. Isto quer dizer que, no momento em que se pronuncia a bênção, materializa-se a ação de abençoar (ou benzer). (https://conceito.de/bencao - acesso em 01/05/2020 ÀS 00h24min).

Em meu tempo de criança, existia um costume que nos tempos hodiernos ainda faço com muita frequência. Sempre que chego à casa de minha mãe, peço a bênção e quando volto para casa, ao sair busco a bênção e sempre ouço “Deus te abençoe”. Com base nisso, saio abençoado.

Esse costume está em desuso, ou, pelo menos, a grande maioria das pessoas não o fazem. Talvez com vergonha ou até mesmo por falta de hábito. Os pais foram abolindo isso e as gerações futuras não veem a grandeza desse ato.

Um fato interessante aconteceu comigo. Minha madrinha de apresentar deve ter apenas 7 ou 10 anos a mais que eu. Não a via com frequência, pois minha infância e início de juventude passei na cidade de Carneiros e ela morava aqui em Santana do Ipanema, mas minha mãe sempre me dizia que recebia muitos presentes dela.

Pois bem, o tempo passou e, no início dos anos 90, fui convocado pelo então prefeito Nenoí Pinto para o cargo de diretor de recursos humanos, na Prefeitura Municipal de Santana do Ipanema, que assumi no período de 1993 a 1996.

Então chegou a minha sala uma senhora para um serviço que era meu papel e a atendi com prestimosidade, como sempre o faço. Até aí tudo bem, resolvi a questão. Dias depois soube que se tratava de minha madrinha e não consegui pedir a bênção. Não me recordo se nesse período eu fiz esse gesto, talvez por vergonha da idade ou do cargo que ocupava.

Mas o tempo passou. Certa feita a encontrei na rua e, de forma inusitada, disse: “bênção, madrinha”. Lembro-me do sorriso encantador dela ao dizer “- Deus te faça feliz”. Desse dia em diante, tenho prazer em pedir a bênção a minha madrinha.

Deus, na sua infinita bondade, faz as pessoas entenderem o valor desse ato. Nunca obriguei meus filhos a fazê-lo. Recentemente me surpreendi com o Cheops, meu filho, que, após uma conversa comigo, disse: “ - Sua bênção, meu pai”. Eu, com o coração cheio de amor, disse: “Deus te abençoe, filho”. Ele entendeu, participando do Cursilho da Cristandade, o valor dessa bênção.

Acredito ainda que as pessoas um dia se interessaram por isso. Nessa época de quarentena, devido à pandemia da COVID-19, os humanos estão aprendendo o valor da bênção, pedindo e implorando a Deus por dias melhores.

Na última terça-feira, 28 de abril de 2020, estava na Farmácia São Luiz, outrora Farmácia Vera Cruz, ou farmácia de seu Alberto, conversando com minha amiga Márcia “alegria sempre”, e entra uma jovem que faz alguns contados ou compra e, ao final, olha para uma colega de Márcia, funcionária também da farmácia, e diz “SUA BÊNÇÃO”. De imediato, lembrei-me da minha história. As duas aparentavam ser de idades parecidas. Será que é o caso de minha madrinha?

Como jornalista, sou meio abelhudo, e a relação de alegria que tenho com o pessoal dá o direito de perguntar. Questionei a jovem balconista se ela era madrinha da outra jovem e, para minha surpresa, ela disse: - Não, é minha irmã. Claro que eu fiz cara de espanto e ela retrucou: - Desde sempre ela pede a bênção a mim.

Sua bênção…

Santana do Ipanema – AL, madrugada de 1º de maio de 2020

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