O inferno é aqui

José Avelar Alécio


O Inferno...é aqui!

Ano passado ao me dirigir à cidade de Recife, afim de participar de um congresso espírita, saindo de Maceió via litoral me deparei com a instalação de “acampamentos” para as famílias desabrigadas. Inúmeras barracas de plástico/lona estavam distribuídas em determinada área da cidade pernambucana atingida pelas águas dias atrás. O mesmo modelo seria utilizado em nosso Estado.
Ainda não estavam habitadas!
Fiquei a imaginar como seria “viver ali”. Aliás, sobreviver!
Nenhuma infraestrutura que minimizasse as dificuldades das famílias desabrigadas era observada ao redor. Nada a garantir aos futuros “moradores” que a estadia ali seria saudável.
Novamente me perguntei: Onde está o respeito à cidadania? Isto é uma “moradia” ou um campo de concentração? Que crime cometeram essas pessoas? Onde estão os “direitos humanos”?
Voltei novamente a imaginar como seria passar um dia, no clima nordestino, naquelas barracas. As crianças, os idosos suportariam até quando? O calor deveria ser insuportável. As necessidades de água potável ali deveriam ser dobradas. Os casos de diarréia com desidratação seriam freqüentes.
Ambiente insalubre aquele, com toda certeza.
Ambiente desumano, vergonhoso, anticristão!
Lembrei de Gandhi: “enquanto tiver um conterrâneo meu sem um teto, não deverei ser proprietário de mais de uma casa”.
Lembrei também do Dr. Adolfo Bezerra de Menezes, cerarense, político no Rio de Janeiro, na época do império, denominado “o médico dos pobres”. Hoje no Plano Espiritual, continuando a trabalhar junto aos brasileiros excluídos pelo “poder público”. Dizia ele, em outras palavras: “enquanto tiver um brasileiro chorando não me darei o direito de querer o céu”.
Dois depoimentos que retratam uma “questão de coerência”. De caráter!
A “cidade de lona” ganhava ares de que logo, logo seria habitada! Estratégia apoiada pelos governantes...os mesmos que nos palanques prometem o paraíso aqui na Terra. O presidente Lula teria sobrevoado a região e garantido assistência total às vítimas!
Ali estava parte da assistência prometida. Imaginei como deveria ser as demais!
Os nordestinos tinha direito a serem socorridos. Aliás, nosso dirigente maior é nordestino. Não poderia ficar insensível aquele drama.
Uma pergunta cala no ar: “Lula já entrou numa dessas barracas meio dia em ponto, com o sol a pino? Já entraram também: Ministro da Saúde, nosso governador, senadores, deputados federais e estaduais? Já entraram também os digníssimos representantes do Judiciário, Ministério Público, OAB, Direitos Humanos, Secretário de Saúde, Religiosos, reitores das universidades” ?
Pensava que era, mas hoje tenho certeza...”O inferno é aqui...no nordeste brasileiro, em solos alagoano e pernambucano”.

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