Mais uma vez volto ao jardim de Cartola para ouvir seu clássico e inesquecível samba “As Rosas Não Falam”, assunto por mim tratado em crônica de agosto de 2020, publicada no meu livro Sertão, Trovoada e Pandemia. Referi-me, ali, à minha roseira La France, de rosas lindas e perfumadas, então por mim visitada todas as manhãs.
Agora, vejo no livro No meu Tempo de Natal, páginas 70/72, de autoria de Maria Nailza de Melo Sá, escritora e poetisa alagoana, a crônica “O Jardineiro”, na qual ela nos faz lembrar que quinze de dezembro é Dia do Jardineiro.
Disse a autora, em arroubo romântico e poético: “O jardineiro colabora com a obra de Deus, fazendo brotar da terra fértil flores mil.” E mais: “Flores poderosas. Uma só ou em buquê é capaz de mudar um sentimento, de arrancar lágrimas ou de apertar laços.”
Admiro flores e jardins por onde ando mundo afora.
Imagino como teriam sido em beleza Os Jardins Suspensos da Babilônia, hoje classificados como As Sete Maravilhas do Mundo Antigo. Construído pelo rei Nabucodonosor II (604-562 a.C.), a pedido da esposa Amytis, princesa trazida da Media, que desejava viver em ambiente de montanhas, o monumento histórico não mais existe. Apenas ruínas no possível lugar de origem, hoje território do Iraque.
Em agosto de 1993, encantou-me o extenso e belíssimo jardim bem-conservado existente ao fundo do histórico Palácio de Versalhes, sítio turístico próximo a Paris.
Gramado, na Serra Gaúcha, é um verdadeiro jardim a céu aberto, com ruas e avenidas cobertas de roseiras, flores e rosas, a partir de hortênsias que enfeitam as margens da rodovia que dá acesso à bela cidade turística.
À entrada de Garanhuns, por exemplo, o visitante logo fica encantado com o relógio de flores, que marca horas, situado no triangular e bem-cuidado jardim, recanto turístico que tanto inspirou seu poeta Ronildo Maia Leite, com belas estrofes louvando avencas, bogaris e lírios que “rebentam às seis horas da noite, na hora da ave-maria”.
Afinal, seja louvado “Seu” Rui, jardineiro daqui de casa, que será lembrado em 15 de dezembro próximo, no Dia do Jardineiro. Já meio cansado, em verdade ele aparece todos os meses, para em apenas um dia realizar a mesma coisa: podar ramos de plantas, arbustos, crótons e aparar heras e gramas do quintal.
Vez por outra, por esquecimento, “Seu” Rui deixa de adubar e regar roseiras, razão pela qual minha La France murchou, secou e morreu. Lembrei-me, a propósito, do poeta francês François Malherbe (1555-1628), que disse: “As mais belas coisas/ Têm o pior destino:/ E rosa ela viveu/ O que vivem as rosas/ Uma breve manhã.”
Maceió, agosto de 2023.
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