Quando o saudoso cronista e escritor Amaro Guedes da Rocha indicou meu nome para a Academia Maceioense de Letras, teve ele o cuidado e o zelo de fazer-me a seguinte observação: “Lá você vai encontrar um homem abnegado, irrequieto, irmão e amigo de verdade.”
O “irmão e amigo de verdade”, segundo o cronista, vinha da confraria da loja maçônica da qual os dois eram membros ativos. O “abnegado e irrequieto”, afinal, ficava por conta da dedicação que o poeta Cláudio Antônio Jucá Santos dispensava à Academia, como seu presidente desde o ano de 1959. Em verdade, a história desta casa de letras, não obstante fundada em 1955, teria começado, propriamente, em 1950, com a história do Centro Cultural Emílio de Maia, sodalício que se achava efetivamente inserido na paisagem literária alagoana daquela época e que congregava um punhado de jovens intelectuais embalados pelos mesmos sonhos e ideais de Jucá Santos.
Mais uma merecida homenagem será prestada ao nosso querido poeta pela Real Academia de Letras de Porto Alegre, em solenidade que será realizada no próximo dia 27 de setembro, aqui em Maceió. Trata-se do Prêmio Literário Jucá Santos, pela segunda vez instituído pela academia gaúcha, a qual tem como seu presidente o escritor Mário Scherer, incondicional amigo do vate alagoano e admirador declarado das belezas do nosso estado e de sua hospitaleira gente.
Na mesma solenidade serão entregues troféus e comendas a diversos escritores alagoanos, autores de textos literários que constam de especial antologia, recentemente editada. O poeta Jucá Santos, por sua vez, será distinguido com medalha com sua efígie, banhada de ouro.
Às vésperas de completar 80 anos de idade, Jucá Santos é autor de 11 (onze) livros publicados, tendo, também, participado de mais de 30 (trinta) antologias, em Alagoas, no Brasil e em Portugal. A ele se referiu a médica e poetisa Rosiane Rodrigues, dizendo: “Conhecer sua obra é saber do compositor, poeta, jornalista e advogado, do ser humano fantástico, herdeiro do talento do seu avô, o poeta Cipriano Jucá, imortal da Academia Alagoana de Letras.”
Em seu livro de poesia Jardim Fechado (Edições Catavento, 2003, p.52), escreveu Jucá Santos: “Um velho amigo disse-me, outro dia/Que os mestres do soneto estão morrendo/E nós estamos, com pesar, perdendo/O magistral formato da poesia.”
Eleito O Príncipe dos Poetas de Maceió, a ele assim se referiu o médico e escritor Mário Jorge Jucá, ao final de discurso recentemente pronunciado: “Você, Jucá, é mais que você!”
O homenageado considera-se “uma figura de incansável obreiro no campo das letras pátrias, pelo trabalho que realiza, há 60 anos, na imprensa e no rádio alagoanos, nos grêmios literários e em diversas entidades culturais do Brasil”.
“Não há caminho novo. O que há de novo é o jeito de caminhar.” Esta frase é de domínio público e foi recolhida pelo jornalista paulista João Mesquita Martins.
É, portanto, esse jeito de caminhar do irrequieto e abnegado Jucá Santos, presidente da Academia Maceioense de Letras, que faz dela, seguramente, o maior banco de talentos da atualidade literária alagoana, produzindo textos, e se faz merecedor, com justiça, da homenagem de que se trata e do prêmio literário que leva seu nome. Parabéns.
Maceió, setembro de 2012.
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