PORTUGAL COM SANTIAGO DE COMPOSTELA

Djalma Carvalho

Considero cada andança que faço por Portugal como saudável reencontro com a História do Brasil e com a de Portugal, a partir do período Colonial, passando pelo Reino Unido, até o Império, matéria de aula do meu tempo de ginasiano. Saudável reencontro se repete quando me vejo diante de monumentos, palácios, igrejas, mosteiros e de gigantescas estátuas de conhecidos personagens de nossa História.
Em cada viagem, sobretudo em excursão ou em outra forma de lazer, sempre haverá uma nova emoção. Agora, no período de 13 a 24 deste mês de setembro, retornamos à terra lusitana com uma esticada até Santiago de Compostela, centro religioso de peregrinação situado na Galícia, noroeste da Espanha.
Estivemos acompanhados – eu e Rosineide – dos casais amigos Arnóbio Matias (Silvânia) e Romany Cansanção (Luciana), também alagoanos, excelentes e distintos companheiros de viagem, que compartilharam conosco as emoções da excursão.
A excursão, contratada com a empresa Abreu Viagens, iniciou-se em Lisboa, onde ficamos por quase dois dias, tempo para visita panorâmica pela capital portuguesa. Nosso grupo de Alagoas escolheu, antes da panorâmica, o Shopping Vasco da Gama, próximo do nosso hotel, para almoço, primeiras compras e para ajustes de celulares. À noite, show de fado e danças folclóricas portuguesas, com jantar e bom vinho.
Mereceu elogios do grupo o mapa de distribuição, dia a dia da excursão, de poltronas do ônibus.
A partir de Lisboa, passando por Óbidos, Fátima e Coimbra, chegamos à cidade do Porto, para hospedagem e jantar. No dia seguinte, 16/9, panorâmica pela bela cidade situada na foz do rio Douro, e demorada visita à cave do Vinho do Porto, na Vila Nova do Gaia, no outro lado do rio, cuja travessia é feita por majestosas pontes metálicas.
Sentimos, logo de início, que o circuito turístico prometido mais parecia uma corrida olímpica, frenética, tais a exagerada preocupação e exigências não gentis da guia Isabel, zelosa funcionária da Abreu Viagens. Tão preocupada estava ela para cumprir horário, que logo na primeira parada, em Óbidos, nosso ônibus foi o primeiro a ocupar o livre espaço do estacionamento. Ainda, de portas fechadas encontramos as lojinhas do lugar, aguardando, pois, o horário permitido para início dos seus negócios.
Em Fátima, ficamos mais à vontade, com tempo para visita à antiga capela do santuário, almoço e pequenas compras de produtos religiosos. Em Coimbra, cidade histórica, de biblioteca e universidade famosas, lá estivemos de passagem. Malmente, tirou-se foto desses templos do saber, orgulho da inteligência lusitana e do além-mar. Após rápida visita ao interior da igreja de Santa Cruz, onde se ouviu a cantilena sobre miniaturas artísticas de reis mortos, o grupo andou sob chuva pela parte baixa da cidade, à procura de lanchonetes, cafés e banheiros.
Depois da cidade do Porto, iniciamos nossa viagem a Santiago de Compostela. Frustrada ficou nossa visita ao interior da catedral, repleto de tapumes em virtude de obras em curso. Cidade de clima agradável. Ali almoçamos.
Em Braga, o ônibus nem sequer parou para fotos. Apenas, rápida visita ao santuário no alto do Bom Jesus. A seguir, chegamos à cidade de Guimarães. Numa praça, lemos na parede: “Aqui nasceu Portugal.” Aí jantamos e degustamos taças de delicioso vinho. Logo de manhã, enquanto a cidade despertava, passeio pelo seu centro histórico.
Prosseguindo a viagem, rápida parada em Amarante, terra de São Gonçalo, e passagem pelo Vale do Douro. Em Lamego, almoçamos em restaurante de apertado espaço físico. Muito mal servido.Era meio-dia e o centro comercial estava de portas cerradas. Um deserto.
Finalmente, já à tarde, chegamos a Viseu, bonita cidade onde nasceu Grão Vasco, pintor português. Nessa acolhedora cidade, fizemos ligeiro passeio a pé pelo seu centro histórico. Em Viseu, jantar e hospedagem.
Após o café da manhã, iniciou-se a subida da Serra da Estrela, com 1993 metros de altitude, o ponto mais alto de Portugal. Antes da subida, parada de cerca de 30 minutos ou mais numa bem sortida loja ao pé da serra, para compras. A longa, perigosa e demorada subida frustrou todo o grupo, porque, lá no topo da serra, o ônibus nem parou, descendo em seguida, somente parando pouco mais de um quilômetro abaixo, para rápidas fotos da imagem de uma santa esculpida no rochedo à margem da estrada. Lá no topo da serra, entretanto, foi desperdiçada a oportunidade ímpar para se desfrutar da paisagem que ali se descortinava, para fotos e para café e compras no mercadinho lá existente.
Depois de passagem por Covilhã, chegamos à cidade de Castelo Branco. Almoçamos no seu bonito shopping. À tarde, Évora, capital do Alentejo, de famosa universidade, cercada de muralhas. Por meio de estreitas ruas, chega-se à festejada Praça do Giraldo, onde tudo acontece. Bem próximo dali, acha-se a Capela dos Ossos da igreja de São Francisco, cuja visita arrepia o mais sisudo turista. À entrada, lê-se a frase: “Nós ossos que aqui estamos pelos vossos esperamos.”
À noite (19/9), então, no elegante Évora Hotel, jantar e hospedagem. Com abraços e brindes com taças de vinho alentejano, celebrou-se o aniversário natalício deste cronista.
O Alentejo produz, além de bons vinhos, a árvore chamada sobreiro (de cuja casca se extrai a cortiça), azinheiras e oliveiras que ladeiam boa parte das rodovias da região.
Antes de chegarmos a Lisboa, paramos em Alcochete, cidade à margem sul do rio Tejo. No elegante outlet, ali existente, fizemos compras em lojas de famosas marcas. Ali mesmo, almoçamos. Bons serviços de atenciosos garçons brasileiros.
Em 21/9, fim dos serviços da Abreu Viagens, centenária empresa portuguesa de turismo de cujos serviços já utilizamos por seis vezes em excursões por Portugal e pela Europa.Mais uma vez comprovamos a especial qualidade da rede hoteleira posta à disposição dos turistas durante as viagens, ontem e hoje.
Despedimo-nos, saudosos, dos companheiros de excursão, de bons amigos que fizemos, a exemplo de Juarez e Ireni, beleza de casal paulista que sempre completava nossa mesa de refeição, ocupando o sétimo e o oitavo lugares, ajudando-nos na “sacrificada” missão de tomarmos o bom vinho português.
Passamos a ocupar, por mais dois dias, o Hotel Mundial, situado no Rossio, no centro de Lisboa. Ao lado do casal Arnóbio (Silvânia), ficamos à vontade, livres de horários, com tempo disponível para compras no El Corte Inglês, no Shopping Colombo e na Rua Augusta.
Voltamos a visitar a Praça do Comércio, Rossio e Chiado. No Chiado, por exemplo, posamos para foto ao lado da estátua de Fernando Pessoa.
Em nossa companhia, afinal, o sobrinho Júlio César, o querido Julinho que, estudando em Faro, conosco completou nossa boa estada em Lisboa.

Maceió, setembro de 2019.

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