O ARRAIAL DE ARACAJU

Djalma Carvalho

Vejo na letra de A Vida do Viajante, consagrada canção de Luiz Gonzaga, os seguintes e conhecidos versos do seu refrão: “Minha vida é andar por este país/ pra ver se um dia descanso feliz/ guardando as recordações/ das terras onde passei/ andando pelos sertões/ e dos amigos que lá deixei.” O Rei do Baião, por meio da música, muito divulgou a cultura nordestina e os problemas que ainda afligem a gente deste imenso e belo pedaço do território brasileiro.
Estes versos dão-me inspiração e oportunidade para dizer que viajar é prática saudável, sobretudo acompanhado de gente de toda idade, gente alegre, gente que torna as excursões motivo de prazer. E o próprio Luiz Gonzaga completa: “Sigo o roteiro/ mais uma estação/ e a alegria no coração.”
Nos dias 28, 29 e 30 de junho passado, estive participando do “Arraiá Mangabeiras Turismo”, denominação da excursão a Aracaju, com hospedagem all inclusive no amplo Makai Resort-Convention, situado na Barra dos Coqueiros, bairro à beira-mar da capital sergipana.
O período acima lembrava a continuação das comemorações juninas, particularmente as da festa de São Pedro. Sobre o “depositário das chaves do céu”, vejamos o que disse a seu respeito Sheila Raposo, jornalista paraibana: “Sou nordestina. E não existe música mais bonita para nossos ouvidos do que a tocada por São Pedro, quando ele se invoca e mete a mãozona nas zabumbas lá do céu, fazendo uma trovoada bonita que se alastra pelo Sertão, clareando o mundo e inundando de esperança o coração do matuto. A chuva é bendita.”
Os três confortáveis ônibus contratados pela empresa Mangabeiras Turismo levaram a Aracaju cento e vinte turistas para três dias de hospedagem no referido resort, localizado à beira-mar, onde as águas barrentas e revoltas da maré alta ameaçavam lavar a parede do seu bonito e acolhedor parque aquático.
O tempo chuvoso prejudicou boa parte da programação. Ninguém, salvo engano, compareceu à Passarela do Caranguejo e pouca gente aderiu ao opcional passeio de barco. Mas quando, no dia seguinte, o sol apareceu, houve tempo para visita ao Mercado Municipal e à Feira de Artesanato de Aracaju.
Arraial é festa popular, sabidamente nordestina, com música, barracas de comestíveis, de ornamentação típica, com diversões, dança matuta e bebida.
Arraiá, por seu turno, é “variante livre de natureza regional” - segundo Houaiss - que atropela a ortoépia, como oxente, vote, danou-se, iapôe, vige, entre outras palavras da linguagem popular nordestina. Para o glorioso São Pedro, tanto faz arraial como arraiá, porque em Aracaju o turista dançou a valer o forró, o baião, o xote e, finalmente, o frevo, ao som da pernambucana orquestra Gilberto e Banda, de São Bento do Uma.
A eleição da Rainha do Arraiá marcou o ponto alto da festa, com acirrada disputa entre as candidatas finalistas, tendo sido vencedora a que recebeu maior número de palmas e aplausos do público.
Durante a viagem, os turistas - do ônibus n°1, por exemplo - tiveram a agradável companhia de Lúcia, competente guia, com mais de 17 anos de experiência no ramo e de bons serviços prestados ao Turismo. Contou, de forma engraçada, histórias e mais histórias acontecidas durante o seu tempo de trabalho ao lado de ansiosos viajantes, de cultura, costume e comportamentos diferentes. A todos não faltaram informações, cuidados e pronta assistência.
De parabéns, portanto, Sebastião Tenório, proprietário da empresa Mangabeiras Turismo, que prometeu novas atrações e emoções na programação de sua agência para o final de 2019 e início de 2020. Vale a pena conferir.
Maceió, julho de 2019.

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