Costumo carregar comigo, por toda a minha vida, o firme sentimento de gratidão às pessoas boas que a mim e à minha família dispensaram tratamento bondoso, educado, finíssimo. Tratamento eivado de empatia, de solidariedade, que pesa fortemente, por exemplo, nas relações do médico com seus pacientes, sobretudo nas horas de angústia, de desespero.
Devo começar a conversa de hoje com o profundo pesar pelo falecimento, aos 95 anos de idade, do querido amigo e competente médico pediatra, Dr. Affonso Sampaio de Lucena, fato que ocorreu no dia 25 deste mês de outubro de 2022.
A morte desse profissional médico deixou muita tristeza, tanto no seio da família enlutada e na sociedade alagoana, quanto na comunidade de Lions Internacional, particularmente no âmbito do Distrito LA-3, que compreende os estados de Pernambuco, Alagoas e Sergipe. Fora governador, bem-avaliado e muito aplaudido, do Distrito LA-3 (antigo L-14), no exercício de 1972/1973. Excelente orador e competente palestrante, Dr. Affonso era alvo de efusivos aplausos das plateias no Brasil afora, pregando a doutrina leonística. Pertencia, com muito orgulho, ao quadro de associados do Lions Clube de Maceió Farol.
Como médico pediatra, achava-se aposentado, mas com a boa lembrança consigo das crianças que medicara ou salvara durante sua vitoriosa carreira profissional. Hoje – todas elas – adultos queridos, com netos e bisnetos, aos quais abraçava com o doce e simpático sorriso do profissional de ontem, ilustre cumpridor do juramento de Hipócrates.
Pois bem. Por muitas vezes reencontramo-nos em eventos de Lions. Expressava, então e reiteradamente, minha gratidão ao médico querido. Gesto retribuído com o seu peculiar e cativante sorriso, com o fervoroso abraço.
Recordo que em janeiro ou fevereiro de 1968, vindo de Santana do Ipanema, onde eu residia, trouxera minha segunda filha, que estava para morrer, com recorrente febre alta, moribunda. Estacionei meu veículo à porta de sua residência, na ocasião tomada por inúmeras personalidades de Lions (certamente havia evento em Maceió, na ocasião). Aflito, pedi-lhe que, ali mesmo, examinasse a criança. Examinou-a e me recomendou que a levasse à sua clínica e procurasse a jovem médica, Dra. Jacinta. Lá estaria ele dentro de uma hora, dizendo-me, ante minha aflição: “Dessa doença ela não morrerá.” E não morreu.
Nascido em Guarabira, Paraíba, em 1927, graduou-se em Medicina pela Faculdade Federal de Pernambuco, em 1953. Fixou-se, definitivamente, em Maceió a partir de 1955. Casou-se com Dona Déa, com quem teve os seguintes filhos: Arthur José, Sylvânia Maria e Sandra Maria. Costumava dizer: “Sou paraibano de nascimento, pernambucano de formação e alagoano de coração.”
Médico bem-sucedido e apaixonado fazendeiro.
Entendendo, afinal, que lhe chegava o fim da vida bem vivida, Dr. Affonso deixou com a família a seguinte e derradeira mensagem: “Por tudo e apesar de tudo, quero continuar amando a minha linda família, festejando os meus amigos e trabalhando no meu mosaico! Vamos ser felizes.”
Maceió, outubro de 2022.
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