Diariamente, logo cedo, costumo abrir a página da minha agenda de trabalho, para consultá-la. Melhor dizendo, não se trata de agenda de trabalho propriamente dita, mas agenda de obrigações diárias, de anotações diversas, do que realizar no dia a dia. Pagamento de boleto, transferência de algum valor, eventual ida à farmácia, lembrete de exercícios e alongamentos diários, etc. Depois, uma olhadela nos telejornais, no watsApp, leitura e, se houver tempo disponível, alinhavar alguma crônica, alguma nota.
Portanto, menos agenda de trabalho, porque não mais trabalho. Minha vida laboral, de emprego de carteira assinada, de horário a ser cumprido, de maiores responsabilidades, já passou, faz muito tempo. Brevemente, emplacarei a casa de três décadas de aposentado.
Graças a Deus!
Em minha agenda consta que o dia 25 de julho é o Dia Nacional do Escritor, criado na década de 1960, com a realização do 1º Festival do Escritor Brasileiro, evento organizado pela União Brasileira de Escritores. À época, esta entidade era presidida pelo escritor João Peregrino Júnior, tendo como seu vice-presidente Jorge Amado, ambos festejados nomes da literatura brasileira.
Descubro, também, que há outro dia dedicado ao escritor. O Dia 13 de outubro, instituído como o Dia Mundial do Escritor.
Duas merecidas homenagens àquele que se dedica ao hábito de escrever, como profissional de imprensa ou por diletantismo, pelo prazer de escrever. Merecida homenagem, pois, ao jornalista profissional, que diariamente publica seu artigo ou seu comentário em jornal impresso ou em jornal virtual, órgão este que a moderna tecnologia inventou com sucesso. Admirável e corajoso profissional de imprensa, muitas vezes perseguido ao empunhar a bandeira da liberdade, da livre manifestação do pensamento, luta inspirada na vitoriosa pregação do Iluminismo que remonta ao final do século XVIII.
Disse Ronald Claver, em seu didático livro Escrever Sem Doer (Editora UFMG, 1992, página 7): “A condição única para o ato de escrever é a liberdade.”
Dir-se-á, de fato, que há de se ressaltar, nessa afirmação peremptória, a liberdade de expressão consagrada em nossa Constituição de 1988, fruto de conquistas e de muitas lutas históricas. De desafios, sacrifícios, torturas, mortes e desaparecimento de muitas vidas.
Para o ato de escrever será necessário que se tenha, antes de tudo, vocação para exprimir-se por meio de textos, dedicação à arte de escrever, à arte literária. Não esquecer a boa dosagem de criação e de inspiração. Também, que se tenha, essencialmente, o domínio da língua portuguesa, da ortografia, da gramática e da adjetivação adequada. Igualmente, de formular ou construir sentenças com premissas necessárias à conclusão do pensamento lógico. Aprende-se a escrever, escrevendo, lendo bons autores. E, bem assim, debruçar-se na busca do conhecimento da história universal, das ideologias políticas e econômicas do mundo civilizado. Nesse particular, ter-se-á ampla visão do nosso país e do exterior.
O escritor de hoje e o de ontem, aqui homenageados, devem escrever com liberdade, com paixão, com o prazer de escrever, deixando o assunto fluir livremente, à vontade. O retocar, o consertar, o burilar, o revisar, fica para depois.
Disse o genial escritor colombiano Gabriel Garcia Márquez (1927-2014): “Não há na vida nada melhor que escrever.”
Escrever, afinal, é um exercício prazeroso. Vamos exercitá-lo.
Maceió, junho de 2020.
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