Djalma de Melo Carvalho
Membro da Academia Santanense de Letras, Ciências e Artes
Reencontrar ou reencontrar-se é encontrar-se novamente. Assim, animados jovens de Santana do Ipanema resolveram, em boa hora, criar o evento social denominado Reencontro, que se realiza anualmente no mês de julho, às vésperas da Festa da Juventude e da Festa da Padroeira da cidade.
A Festa da Juventude, por exemplo, reúne jovens santanenses há mais de 50 anos. Normalmente constam de sua programação: competições esportivas, jogos diversos, shows musicais, palestras, feira de livros, baile e coroação de rainha. Realiza-se no domingo anterior às novenas da Festa da Padroeira. Esta, por sua vez, encerra-se com uma gigantesca procissão pelas ruas da cidade, no dia 26 de julho de cada ano. Ressalte-se que a tradicional Festa de Senhora Santana é considerada como o maior acontecimento social-religioso do sertão alagoano, já incluído no calendário turístico do estado.
Este ano o Reencontro chegou à 19ª edição, e reuniu, na tarde-noite de 15 de julho passado, cerca de 400 alegres santanenses de todas as idades no decorado salão de festas da AABB local. Ali também estiveram convidados especiais para assistir à chamada festa da saudade, senão, também, festa de celebração do ufanismo da terra natal.
Gente saudosa que reside fora de Santana do Ipanema, espalhada pelo Brasil afora, retorna à cidade para o caloroso abraço no ex-colega de colégio, no amigo de infância, na paquera da distante adolescência. O afetuoso abraço e o carinhoso beijo repetem-se durante a especial festa, onde se mata saudades. Curiosamente, não se esconde o cabelo chuviscado de branco de muitos, marcados pelos anos que se passaram, a compor o cenário do ambiente festivo. Ao som de música para todos os gostos, aí se inclui, necessariamente, a canção-hino “Santana dos Meus Amores”, de autoria do poeta Remi Bastos, que todos entoam, entusiasticamente, como significativa expressão do contagiante sentimento nostálgico do chão nativo.
Este ano a comissão organizadora caprichou na produção do Reencontro, recebendo do público elogiosos comentários. Três bandas, bebidas, petiscos à vontade, camisetas e muita alegria.
Nesse clima de confraternização de santanenses, tive a oportunidade de abraçar José Pinto de Assis (Josa), conterrâneo amigo, empresário bem-sucedido e desportista do passado, hoje chegando à casa dos oitenta anos de idade, firme e forte. Por ter sido ele desportista, lembrei-me do seu tempo de goleiro do Ipanema Atlético Clube, time de futebol da cidade, tricampeão do interior alagoano no período 1957/1958/1959.
Época de talentosos atletas, estrelas mesmo, que integravam a equipe campeã, como Chiquinho, Tide, Tina, Geraldo Belo, Joãozinho, Lau, Zezinho, Artur Lima, João Carlos, Maleiro, Zuza, Jair, Gordinho, Índio, Zé Galego, entre outros.
Corajoso goleiro, de arrojadas defesas, jovem de muita saúde, um metro e oitenta de altura, Josa devia pesar, naqueles bons tempos, mais de cem quilos.
Pois Bem. Tudo aconteceu num jogo do campeonato interiorano. Numa bola bem disputada, lançada, perigosamente, sobre a área do Ipanema, Josa, em salto magistral, defendeu-a no ar, mas desabou, com todo o seu pesado corpo, sobre o franzino zagueiro do seu time.
Coitado, ainda no chão, parecendo esmagado, ouviu-se o grito de desespero do zagueiro Lau: “Que é isso?! Sou eu, Josa!” E o jogo prosseguiu.
Maceió, agosto de 2017.
Comentários