Parecia-me que as asas do possante avião estavam, caprichosamente, muito próximas da espessa camada de gelo que cobria o topo da Cordilheira dos Andes. Claro que naquele ponto da travessia a altitude da colossal cadeia de montanhas deveria ter cerca de 4.000 metros ou menos, longe, portanto, do seu ponto mais alto que é de 6.962 metros.
Após a travessia, em poucos minutos estávamos em Santiago, na bela capital do Chile. Logo no aeroporto, e já agasalhados, experimentamos o frio de 7°C.
Sempre relutei em fazer turismo no Chile, talvez pelo receio de terremotos que ali, há poucos anos, provocaram tragédias. Em verdade, o que mais preocupa aquele povo, hoje, é seu trabalho em busca do pregresso do país, da preservação de seus valores históricos e da construção de uma civilização que claramente sobressai na América do Sul. O país tem ares de primeiro mundo, a julgar por alguns índices, como: analfabetismo (2%), curso superior (70% da população), inflação (1,5%), crescimento anual (5,5%) e moeda forte, apesar de tantos zeros.
Chegamos a Santiago nos primeiros e festivos dias de comemoração da semana da pátria do país. Uma profusão de bandeiras e bandeirolas tomava conta de postes, prédios e residências, embelezando ruas e avenidas e expressando o sentimento de nacionalidade que se acha fortemente arraigado na alma do chileno. Nada ali funcionava, com o comércio de portas cerradas.
Ficamos hospedados no Hotel Providência, no elegante bairro do mesmo nome. No dia seguinte, e em ônibus especial, eu, a querida companheira Rosineide e animados brasileiros iniciamos o city tour programado. Acompanhou-nos o simpático Miguel, competente guia turístico.
Conhecemos os principais pontos turísticos da cidade, tanto da cidade antiga como da moderna. Santiago, com seus 5 milhões de habitantes e longas avenidas, é bem traçada, limpa, arborizada e linda. Os prédios antigos do centro da cidade, entre os quais catedrais, hotéis de luxo, faculdades, edifícios governamentais, etc., muito se assemelham aos de capitais europeias. Não pudemos fotografar a frente do Palácio La Moneda, porque os carabineiros ocupavam as cercanias, em preparação para solenidades oficiais, ali, e para o grande desfile cívico-militar.
Em frente à sede do Partido Socialista do Chile, em ladrilhos da rua e da calçada da Av. Paris, no centro, estão gravados nomes dos assassinados durante a ditadura Pinochet. Igualmente, um grande painel ao alto nos mostra fotos dos desaparecidos, tendo no centro a dramática interrogação: “Onde estão?”
Moderno metrô, com estações bem cuidadas e sinalizadas, faz o transporte de massa da capital, interligando todos os bairros.
Quem vai ao Chile tem como obrigatória a visita às duas principais cidades da costa do Pacífico, a 119 quilômetros de Santiago: Viña Del Mar e Valparaísio. A primeira, com suas belezas, praias, é cidade de vocação turística, preferida dos veranistas chilenos; a segunda, cidade portuária, é sede de Região (denominação com status de estado ou província).
Como opcional oferecido, visitamos, numa bela manhã de muito frio, a famosa vinícola Concha & Toro, no Vale do Maipo, a uma hora de Santiago, onde se fabrica o bom vinho chileno, muito conhecido aqui no Brasil.
Finalmente, encerrando a excursão, assistimos, à noite, véspera do retorno ao Brasil, ao show folclórico com danças típicas chilenas, denominado Bali Hai, em casa lotada de estrangeiros, com jantar, petisco e delicioso vinho.
Maceió, setembro de 2012.
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