A FANFARRA DO DIRETOR

Djalma Carvalho

Djalma de Melo Carvalho
Membro da Academia Santanense de Letras, Ciências e Artes

Há poucos dias, meu irmão Ademir esteve em Jacaré dos Homens e lá se encontrou com Valdir Cajé, seu ex-colega ginasiano do final da década de 1960, em Santana do Ipanema.
Sempre que os dois se encontram, entre conversas e brindes de doses de destilados, afloram relembranças de travessuras do tempo de alunos do Ginásio Santana, praticadas em companhia de outros colegas contemporâneos, igualmente engenhosos na prática de molecagens no âmbito do educandário.
Valdir Cajé já exerceu o cargo de prefeito de sua cidade natal e continua sendo influente líder político no seu município e em outros municípios da região. É pessoa muito querida, agropecuarista bem-sucedido e filho de tradicional família da cidade de Jacaré dos Homens.
Relembrar fatos marcantes da juventude é manifestação seguramente saudável, sobretudo quando velhos amigos se encontram. Ontem, adolescentes traquinas; hoje, sessentões realizados na vida.
Por essa época, Dr. Francisco Pinheiro Tavares era juiz de direito em Santana do Ipanema. Magistrado de muitos amigos, ele acompanhou o dia a dia da cidade, certamente sensibilizado com os anseios da comunidade santanense. Tanto que se tornou diretor do Ginásio Santana e associado do Lions Clube local.
Como diretor, Dr. Tavares pretendeu criar uma banda fanfarra, composta de alunos do educandário, formando-a, caprichosamente, para o desfile cívico de sete de setembro que se aproximava. Como providência preliminar, encarregou Valdir Cajé, aluno que exercia certa liderança em sala de aula, para convocar colegas seus para a composição da futura banda fanfarra. Valdir deveria retornar, com brevidade, ao diretor com o nome dos selecionados. Tempo suficiente ainda haveria para a aquisição de instrumentos, realização de ensaios e tudo mais que fosse necessário.
Não demorou muito tempo, e eis Valdir Cajé com a relação dos escolhidos. Nela incluíra seus amigos mais chegados, entre outros, Ademir, Mário Jorge e Zé Ormindo, que nada entendiam de instrumentos musicais, tampouco de caixa-clara, tarol, tambor, etc. Além do mais, eram todos eles conhecidos no colégio como traquinas, travessos.
Ao receber, afinal, a relação, Dr. Tavares leu-a, releu-a e examinou nome por nome. Com cara de mal-humorado e de insatisfeito, devolveu a relação a Valdir Cajé, dizendo: “Com esses elementos, não!”
Não me lembro se o sonho da fanfarra se realizou.

Maceió, junho de 2017.

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