A ESTÁTUA DE JULIETA

A arte, por suas várias formas e fontes de expressão, tem a capacidade de legar à posteridade o registro dos notáveis feitos da história universal.
Aqui, como exemplo de expressão artística, citaria apenas estátuas, bustos, hermas, telas, praças e monumentos em geral, que o turista vê e admira em nosso país e, muito mais, no exterior. Não me daria ao trabalho de relacionar outras tantas e belas obras de arte encontradas em minhas andanças pelo mundo afora.
Hoje, nesta conversa, citaria apenas uma delas, a estátua visitada por turistas do mundo inteiro, erigida no pátio de uma casa-museu em Verona, Itália, inspirada na ficção do genial Wiliam Shakespeare (1564-1616).
Ator, poeta, escritor, Shakespeare é “mundialmente reconhecido como a alma da literatura inglesa e como um dos poucos dramaturgos verdadeiramente brilhantes de todos os tempos”, como assim o disse a escritora Dominique Enright na introdução do livro A Sabedoria e o Humor de Shakespeare, editado pela Casa das Letras (1ª Edição, Portugal, 2008).
O teatro é uma das formas e fontes de expressão da arte, longamente exercitadas pelo dramaturgo inglês durante sua vida artística.
Numa feira de livros em Cascais, Portugal, comprei um exemplar do livro citado, lembrando-me da cidade de Verona, que eu acabara de visitar em excursão realizada por países da Europa, em 2014.
Nessa cidade italiana, Shakespeare ambientou e enredou o romance “Romeu e Julieta”, clássico da literatura mundial. Trágica história de dois jovens apaixonados, filhos de duas famílias inimigas e rivais de Verona, Montecchio e Capuleto. História escrita entre 1591 e 1595. Uma impactante ficção, questionada por estudiosos se não teria sido história verdadeira, tragédia que termina com a união das famílias rivais.
Romance clássico e trágico, “Romeu e Julieta” foi levado a palcos do mundo inteiro, com extraordinário sucesso. Aliás, era uma tradição na Antiguidade o romance trágico. (Lembro-me do teatro dos circos que visitavam Santana do Ipanema no meu tempo de jovem. Palhaços pernas de pau anunciavam, pelas ruas da cidade, o “drama da segunda parte”.)
Em Verona, a estátua de Julieta e a “cena da varanda” são atrações turísticas da cidade. A musa inspiradora de Shakespeare da grande tragédia de amor, Julieta, tem sua estátua conservada no pátio da casa-museu. De bronze, escura, tamanho natural, a obra de arte tem o busto parcialmente nu. Curiosamente, o seio direito de Julieta, de tanto tocado pelos turistas, parece de ouro reluzindo ao sol, ação por conta da lenda, segundo a qual dá sorte no amor a quem tocar o seio direito da estátua.
Sobre a estátua de Julieta, dir-se-ia que ela seria a marca da sensualidade e da beleza da mulher, motivo de inspiração dos poetas em todos os tempos.
Também, motivo de exaltação dos nossos românticos poetas seria o encanto do curvilíneo corpo e os exuberantes seios da charmosa mulher de todas as latitudes, particularmente da mulher brasileira, que Deus criou bonita e bela.
A respeito de beleza feminina e de esplendor de sua sensualidade, leio à página 107, do livro Poetas de Canto a Canto, de autoria de Jader Tenório, os seguintes versos do poeta Jó Patriota: “Estes teus seios pulados/ que estão me desafiando/ são dois carvões faiscando/ no fogão dos meus pecados.”
Resta-me, afinal, elogiar o espirituoso e festejado vate pernambucano de São José do Egito.

Maceió, abril de 2020.