UMA TONELADA

Clerisvaldo B. Chagas

UMA TONELADA
Clerisvaldo B Chagas, 30 de maio de 2011.


Com os constantes aperfeiçoamentos na arte de destruir os semelhantes, os cientistas bélicos vão expondo ao mundo os novos trabalhos de pesquisas. Para isso é preciso provocar algum tipo de guerra por aí para poder testar a eficácia dos seus inventos. Não é somente a bomba atômica que é perigosa. Aliás, agora, ela é mesmo a mais arrasadora, pois algumas da mesma família poderão destruir o planeta completamente em questões de horas ou minutos. Dessa têm muitas nos arsenais das nações belicosas. É o homem eternamente desconfiado do próprio homem. A desconfiança ou a ambição permanente fizeram surgir esses brinquedos de uma forma ingênua. Se uma pessoa adquire uma espingarda contra outra pessoa julga está segura. Mas acontece que essa outra pessoa, compra um rifle. A primeira adquire uma metralhadora e assim sucessivamente. Foi dessa maneira também com as nações na sede de estarem sempre em van-tagem contra as outras. O aperfeiçoamento das ameaças levou os dois principais antagonistas, Estados Unidos e União Soviética, ao topo de um possível confronto, cujo vencedor não seria ninguém. E se falam na besta do fim do mundo, a impressão que se tem é que a besta é o próprio homem que procura destruir a sua espécie.
Como os países que brigam no espaço aéreo da Líbia não querem invadi-la por terra, tornam mais difícil uma solução rápida e nem por isso causadora de menor sofrimento ao povo líbio. Estão somente soltando foguete para espantar o animal, porém com medo de pegar a onça à unha. Daí o Reino Unido achar pouco as bombas comuns que joga na cidade do ditador e parte para outra solução. Mandar uma bomba inventada desde os tempos das cavernas esconderijos de Bin Laden. Aquele tipo de bomba que causa muita destruição física, não dando chance nenhuma ao lugar de abrigo, pois penetra por todos os interiores. São as tais bombas “bunker-busting” (destruidora de edificações) que pesam uma tonelada cada uma e podem ser lançadas a partir dos aviões britânicos. Segundo os fabricantes de boas ideias, isso seria um recado bem claro ao senhor Kadhafi que é hora do homem deixar o poder, como se ele fosse mudo, surdo, cego e doido. Dizem que essas bombinhas já estão em bases italianas de onde partirão nos aviões britânicos rumo ao norte africano.
Como os festejos juninos aproximam-se, no Brasil, talvez a ONU queira comemorar soltando essas bombas às costas de Kadhafi, homem difícil de morrer. O Reino Unido e outros países da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) querem intensificar o negócio para encerrar de vez o assunto desgastante. E enquanto não descem a terra para pegar o sujeito na marra, nós aqui no Brasil vamos só apreciando o desenrolar do conflito pela televisão. Algumas pessoas acham, porém, que será um desperdício jogar bomba “bunker-busting” na cabeça de Kadhafi, pois em antros de tantos safados que fazem miséria com o povo brasileiro, ela poderia dar conta sem culpa da consciência. Lógico que isso é apenas uma metáfora, mas tem muito escravocrata moderno que só abandonaria o relho de couro cru, se fosse tratado à base de UMA TONELADA.

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