QUE QUERES TU?

Clerisvaldo B. Chagas

QUE QUERES TU?
(Clerisvaldo B. Chagas, 14 de fevereiro de 2011).

Diante de alguns recuos significativos, o presidente americano cada vez mais vai perdendo o prestígio inicial. Se não é prestígio, pelo menos é um desencanto generalizado. As pressões radicais do senado e de outros setores influentes são marteladas no dedão preto do pé que ainda incomoda uma tradicional sociedade racista. Todos sabiam, mas ainda restava alguma esperança por que dizem que ela é bicho duríssimo de morrer. Aquele representante apenas confirma a antiga opinião: monta o brioso corcel bem arreado, porém, o cabresto continua preso a estacaria. Imita macilento, a rainha da Inglaterra, reina, mas não governa. Os sucessivos puxões de camisa vão fazendo de Barack um homem tristonho que tenta disfarçar em seus discursos. Após tantos reveses na sua vontade, o presidente hesitou desprevenido, estonteado, inseguro, nos pronunciamentos frustrantes sobre a queda de Hosni. Não foi ouvido pelo ditador do Egito, não é mais ouvido pelo governo de Israel, não consegue ser confiável no mundo árabe e boia na Economia em pau de mulungu. A continuar assim, chegará ao final da gestão com apenas a marca na história de ter sido o primeiro presidente negro dos Estados Unidos.
Em março, próximo, Barack Obama virá ao Brasil. Dizem que ele quer fazer um discurso impressionante (chama de histórico) em espaço onde caibam milhares de pessoas. Coisa assim, bem se sabe, de astros do Rock, mesmo. Até uma praia no Rio está em cogitação, pois o homem somente visitará o Rio de Janeiro e Brasília. Não falará sobre a pretensão brasileira de assento no Conselho Permanente da ONU. (Em visita a Índia, já deu esse apoio ao país asiático). Não tocará no assunto de tarifas que impedem por lá a entrada de alguns produtos do Brasil. Não reconhece a liderança plena do nosso país na América Latina e nem sua influência no mundo. Ora! Vem-se aqui para não nos brindar com nada, por que vem, então?
Pela curiosidade, Barack pegou o jeitinho brasileiro. Quer sair do baixo crédito, da apatia em que vive, à custa de Brasil. Anda em busca de um fato novo que levante sua moral, tão surrada quanto chapéu de vaqueiro. E esse fato novo seria um discurso planejado com imensa multidão em um país que está em evidência. Ele vem para onde não reconhece, humilha, empavona-se e vai embora. Talvez porque a Dilma não lhe foi primeiro beijar a mão como o Brasil do passado. Para mim Barack, você começa a ser uma grande decepção, um mané-gostoso do senado americano querendo ficar esperto no Brasil. Cuidado com as palavras dele, Dilma, para não sobrar para nós. Deixem que ele suba os morros pacificados do Rio, atrás de golpes publicitários. E já consciente das suas intenções, bem me faria se chegasse perto do presidente nos calçadões de Copacabana. Faria a pose do conhecido Zé Carioca e perguntaria com toda malandragem do papagaio gozador: Ó Bama! QUE QUERES TU?

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