POPULAÇÃO ENCURRALADA
(Clerisvaldo B. Chagas, 7 de março de 2011).
Importantíssima para esclarecimentos sociais no Irã foi a carta enviada à presidenta do Brasil. A missiva datada de 31 de janeiro de 2011, foi escrita pela insigne advogada de direitos humanos, iraniana Shirin Ebadi. Ebadi foi o Prêmio Nobel da Paz do ano de 2003. Demonstrando grande conhecimento das leis e ações do seu país contra mulheres, crianças e estrangeiros, a notável advogada surpreende o mundo quando disseca o código penal da sua terra. O leitor civilizado entra em choque com a mentalidade bárbara iraniana, mesmo do início do século XXI. Naturalmente dentro da cabeça de alguns “santos do mundo” que almejam a construção da bomba, os neurônios deliciam-se com oitenta chibatadas e até a morte por copo bebido de cerveja. Estão lembrados da Revolta da Chibata na marinha brasileira? A ilustre personagem Shirin, vai penosamente passando para Rousseff as “obras-primas” daqueles pensadores da Ásia Seca. Responsabilidade criminal para criança de dez anos ─ se for feminina ─ que irá responder a seus atos como se fosse um adulto de quarenta. Tribunais onde a palavra da mulher vale somente a metade da palavra do homem, bem como sua própria vida de fêmea que vale também a metade da vida masculina. País onde o homem pode possuir quatro mulheres e divorciar-se sem motivo, mas a mulher não tem esses direitos. São os “primores” do Código Penal Islâmico de 1979 com suas leis discriminatórias de gêneros, segundo a iraniana.
É também lendo a carta de Shirin Ebadi, dirigida à presidenta que se amplia o conhecimento desse mundo perverso e ofensivo ao Salvador. Agarra-se a Prêmio Nobel a uma esperança no peso do Brasil ao assumir a presidência temporária do Conselho da ONU em março próximo. Soa como um pedido de socorro às mulheres daquele país, a posição brasileira diante do mundo a favor do combate às ações discriminatórias do Irã.
E nós vamos transferindo para as prefeituras do Brasil, de Alagoas, do Sertão, a gravidade de inúmeras denúncias na Saúde, nas Ações Sociais, nas portas dos cofres públicos fechados para gestantes, crianças, doentes crônicos e o mínimo para a população rebanho. E quando vimos às explosões de revoltas das paciências impacientes do Egito, Iêmen, Tunísia... Vamo-nos indagando se aquelas ondas violentas não podem chegar às portas das prefeituras e das câmaras municipais coniventes, como já aconteceu agora no Mato Grosso do Sul. Até quando prefeitos e vereadores inimigos do povo desafiarão à Justiça e conterão as revoltas populares com quebra-quebras e derramamento de sangue? A rebelião do Mato Grosso poderá ser o estopim. Quem avisa faz parte, em carne e osso, da POPULAÇÃO ENCURRALADA.
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