O CRISTO DE TOMÉ
(Clerisvaldo B. Chagas, 22 de abril de 2011).
Durante o período de Semana Santa, os jornais televisivos costumam destacar as tradições religiosas de Minas Gerais. Será por que os mineiros mostram atos que não existem em outros lugares? Será pela maior perfeição dos seus trabalhos litúrgicos? Ou será por que as comemorações mineiras continuam no passado e a de outros estados, no presente? Não importa. Os últimos dias de Nosso Senhor Jesus, o Cristo, ainda emociona e atrai multidões em qualquer parte do Brasil. Segundo a televisão, em Sabará, cidade histórica de Minas Gerais, acontece à abertura do túmulo de Jesus. A cena é realizada na quinta-feira na igreja de São Francisco de Assis, mantendo assim uma tradição de mais de duzentos anos. Nessa ocasião existem cânticos, grupo de penitência e finalmente a exposição do corpo de Jesus ensanguentado. É interessante, mas a Bíblia não diz que foi assim.
Ninguém abriu o túmulo de Jesus e muito menos retirou seu corpo ensanguentado. E na quinta-feira, Jesus ainda vivia. Vejamos:
Adaptando a leitura bíblica, no primeiro dia da semana, Maria Madalena, ao amanhecer, mas ainda escuro, foi ao túmulo de Jesus, encontrando-o sem campa. Pensando que o corpo havia sido roubado, voltou correndo e foi relatar a Pedro e a João. Os dois correram para o local, porém, João, mais novo, chegou primeiro. Não entrou no túmulo, mas viu os lençóis que envolveram o Cristo. Pedro chegou depois, entrou no túmulo e viu os lençóis. O lenço que estivera sobre a cabeça de Jesus, estava dobrado em lugar à parte. João entrou depois, viu e creu. Entretanto, eles ainda não entendiam a escritura, que importava que ele ressuscitasse de entre os mortos. Voltaram a casa. Maria Madalena permaneceu na parte de fora da sepultura, em pé, chorando. Abaixou para olhar para dentro e viu dois anjos vestidos de branco, assentados onde fora colocado o corpo de Jesus, um à cabeceira, outro aos pés. Perguntaram por que ela estava chorando. Madalena respondeu que era porque haviam levado o corpo “do meu Senhor, e não sei onde puseram”. Olhou para trás e viu Jesus em pé e não o reconheceu. Com a fala de Jesus, ele foi reconhecido e aconteceu um breve diálogo.
É bom notar que essas coisas aconteceram antes dos três dias completos, pois fora ao amanhecer da segunda e Jesus havia morrido às três da tarde da sexta.
À tarde, Jesus apareceu aos apóstolos, a casa onde eles estavam reunidos às portas fechadas. Tomé não estava. Só oito dias depois, Jesus apareceu novamente e, dessa vez estava Tomé que não acreditara nas palavras dos amigos. Foi quando Jesus mandou que ele tocasse às suas feridas para acreditar na sua (do Cristo) Ressurreição.
O que acontece com boa parte dos seguidores, porém, é que, ao invés de viver voltada para a alegria e a boa nova da Ressureição, passa a vida inteira procurando sepulcros. Não consegue achar o sentido da existência. Enquanto encosta-se às sepulturas vazias, com certeza esquece o Senhor vivo de Madalena, O CRISTO DE TOMÉ.
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