MÃE BICENTENÁRIA
(Clerisvaldo B. Chagas, 5 de janeiro de 2011)
Atualmente existe um controle maior sobre os órgãos públicos, graças, em parte, ao surgimento de tantos aparelhos avançados que interligam rapidamente o País. Inúmeras bibliotecas e museus prestam inestimáveis serviços aos pesquisadores jovens e adultos sequiosos de conhecimentos. Cada município que possui a sua fonte pública como a biblioteca, tem aí uma história à parte que deverá ser contada sempre aos frequentadores das escolas. Quando se puxa essa narrativa, vai-se descobrindo como foi dura a constituição daquele patrimônio para todos. Surgem aí vultos importantes da comunidade como o idealizador, doadores, pessoas que contribuíram das mais variadas formas com o prazer único de servir. Muitos ficam no anonimato perpétuo por que os narradores futuros, não aprofundam suas pesquisas históricas sobre essa notável joia de uma cidade.
Completou em 2010, duzentos anos de fundação da Biblioteca Nacional com sede no Rio de Janeiro. Sua história bonita e inusitada tem início com o nome de Real Biblioteca e vem dos tempos mais difíceis dos portugueses. Com a ameaça de Napoleão Bonaparte, Portugal imaginou trazer para o Brasil também a sua biblioteca com cerca de sessenta mil peças, embaladas em caixotes. Entre as peças, livros, mapas, estampas e manuscritos. Mas como as tropas napoleônicas foram muito rápidas na invasão a Lisboa, não teve como seguir os caixotes no caos formado durante o pesadelo de embarque da família real e da nobreza. Os bibliotecários zelaram o patrimônio que ficou abandonado no porto. Os caixotes só começaram a vir para o Brasil, em 1810. Em 1811, toda a biblioteca foi refeita quando três viagens completaram a nobre tarefa interoceânica. A Real Biblioteca foi fundada no Rio de Janeiro em 1810, com apenas parte do seu acervo. Até 1814, apenas os estudiosos podiam frequentá-la e assim mesmo com autorização régia. Após essa data, o acesso à biblioteca foi liberado para quem precisasse. Cinquenta anos passou no mesmo local esse patrimônio importante, até que foi transferido para outro prédio. No início do século XX, outra mudança levou-a para o lugar onde funciona atualmente. Agora com o nome de Biblioteca Nacional, possui um acervo de quatro milhões de livros, sendo no momento a maior da América Latina. O prédio onde funciona a biblioteca foi inaugurado no centenário de fundação da Biblioteca Real. Seu endereço é Avenida Rio Branco, número 219, Centro, no Rio de Janeiro.
Muito bom se tivesse um ponto específico em nossas cidades, nas bibliotecas públicas, onde se encontrassem diariamente escritores, pesquisadores, apologistas, para trocarem ideias e serem facilmente encontrados pelos estudantes. Um ponto tão curioso quanto à própria biblioteca. Está lançado o desafio aos dirigentes das cidades, aos comunicadores e escreventes em geral. E como não podemos frequentar com regularidade a longeva e respeitável matrona, parabenizamos efusivamente todas as bibliotecas do País através da MÃE BICENTENÁRIA.
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