DILMA NO EXTERIOR
(Clerisvaldo B. Chagas, 2 de fevereiro de 2011).
Dilma sabe bem o que pretende e, pelo jeito, conhece todos os caminhos. A decisão da primeira viagem para fora do país, como presidenta, para os entendidos é uma forma bem ampla de se mandar um recado para a quem interessar possa. A preferência pela Argentina pode ser resumida de várias maneiras. Não indo logo a Europa, Dilma evita valorizar aquele continente em detrimento ao seu. É como se dissesse que ele é importante, mas já não representa o grande foco de atração como há pouco tempo, para países sul-americanos. Para os Estados Unidos, acostumados com as vassalagens do sul, não tão antigas assim, Dilma declara indiretamente o fim do beija-mão latino. Fez o que o Tio Sam costuma fazer com seus novos presidentes, prestigiar primeiro os seus vizinhos. Isto é, “aguarde sua vez, você não é mais prioridade”. Obama deve ter engolido seca a petulância brasileira. Escolhendo a Argentina para seus primeiros passos, a Presidenta sabe que a nação vizinha, será sempre vizinha geograficamente. Sabe também que a Argentina é uma grande nação, tem enorme potencial e já viveu uma ótima fase desenvolvimentista. Dilma entende que sem a parceira vizinha, é impossível a pretendida união da América do Sul. É do seu conhecimento que a nação do Prata, no momento, é uma respeitável cliente dos seus produtos e, finalmente sabe que o Mercosul unido, representa força substancial para grandes entendimentos econômicos e políticos no Planeta. Em síntese, fortalecer a Argentina e aumentar sua autoestima, é tornar o Brasil muito mais forte diante das outras nações. Depois virá o afago ao Paraguai e Uruguai para arrumar a casa abaixo do Equador e alçar voos para onde achar conveniente. É a Geopolítica funcionando em favor da inteligência.
O encontro com a presidenta Cristina Kirchner deixa, sem dúvida alguma, água na boca de outros dirigentes da América do Sul e mesmo do Caribe. O fato do encontro com as mães e avós da Praça de Maio é bastante representativo e soa como um aviso claro aos países que mantêm a ditadura e desrespeitam constantemente os direitos humanos. Entendam-se aqui direitos humanos como tolhimento da liberdade básica de cada cidadão nos países opressores. Pode-se até dizer que o movimento das ruas pela democracia egípcia ─ que tomou proporções gigantescas ─ tenha ofuscando a visita da presidenta Dilma Rousseff a Argentina. É verdadeiro sim a afirmativa, entretanto, o encontro com as mães, representa um apoio indireto ao povo do Egito que não suporta mais vê o rosto de Hosni Mubarak. Aliás, “o fora ditador”, iniciado na Tunísia, atingindo em cheio o país de Hosni, vai queimando a região com o grito há muito reprimido. A China mesmo retirou da mídia a palavra Egito. Mas como já havia sido aqui analisado, tudo é questão de tempo. De repente as coisas acontecem por que ninguém tem condições de barrar infinitamente o poder da comunicação. É ela a principal responsável da sede por democracia. Precisamos testar a presidenta no Brasil e a DILMA NO EXTERIOR.
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