PROFESSORES SEM PRECATÓRIOS

Antonio Machado

Destino, sorte, sina ou tudo é mera ficção e criatividade da mente humana?E nesse meio, situa-se o tempo como senhor da história como a direcionar os passos das pessoas, no seu palmilhar na face da terra. Existem pessoas que parecem nascer destituídas dos afagos da natureza, se a muito custo, numa luta titânica conseguiram uma formação, dando-lhes a condição de professor do curso fundamental, e ainda cursou um nível superior, beneficiando-se com o ensino a distância, que aproxima o diploma do formando, mas a distancia do conhecimento, mas tudo vale a pena, se alma não é pequena, como situava Fernando Pessoa, mas parece que com esse sobejo do pouco que a vida lhe deu, matou sua sorte, seu destino, por isto escreveu o poeta Colly Flores:”Ah: destino ingrato, por que fizeste isto comigo? Esperei tantas flores em vida, mas em vez de flores, recebi castigo”. Encontra-se nestas assertivas tão sofridas aqueles professores e professoras da rede estadual de ensino, que ao longo de suas existências tão malgradas enfrentaram a sublime profissão de ensinar num verdadeiro apostolado de ser mestre, como sentenciava a pedagoga chilena Gabriela Mystral:”Senhor, perdoa-me se pela vida levo também o nome de mestre”. Esses mestres que mesmo sem o mestrado acadêmico, quando chegaram ao fim de uma vida dedicada aos filhos dos outros, no cimo da jornada de sua árdua missão apostolar, iluminando mentes para o saber, como escreveu Aistaine: “a mente que se abre para o saber, jamais voltará ao que era”. E esses professores, sentiram-se frustrados quando nos listões dos Precatórios, seus nomes não aparecem nem apontam nenhum caminho para lhes direcionar, o que não deixa de ser deveras, uma tristeza, ou falta de sorte, são os marcados como professores sem precatórios, e a lista é grande. E agora professores? Em tempos idos escritórios advocatícios, deram entradas em documentos que se diziam autênticos, e que tudo iria se resolver, posteriormente vieram os “santos gatilhos” via também Coordenadorias de ensino, mas tudo com conivência dos precatoristas que acreditaram em tudo, mas nada viram. Enfim, arvorou-se há pouco menos de três meses, que os precatórios iriam sair, o Sinteal, sindicato da classe, diga-se sem demagogia, é muito atuante, abriu suas portas e todos professores acorreram e organizaram seus documentos como também as Coordenadores se movimentaram com o mesmo objetivo, mas por ironia do destino, os nomes de alguns professores precatoristas não estavam lá, deixando-os impedidos de darem entrada também na sua documentação.
E agora recorrer a quem? A Deus? Não, ele nada tem a ver com esse imbróglio, isto é negocio dos governos. Ora, se até o presente quem deu entrada com toda documentação correta e em tempo hábil, sequer tem noticias desses “benditos precatórios”, imagine pois, àqueles que não constam no listão. Já escrevi vários artigos enfocando o mesmo tema, e muito ainda tenho que escrever, como um elo entre o sertão e a capital, como bem escreveu a inimitável Clarisse Lispector: “enquanto não houver respostas, para as perguntas dos homens, continuarei escrevendo”. Essas dividas foram se acumulando ao longo dos anos, os servidores estaduais fizeram uma poupança forçada, e muitos deles já morreram, outros estão com doenças em estados terminais, mais ainda aguarda um fio de esperança de receber esse dinheiro que lhe é devido, outros perderam as esperanças, fazendo parte de um passado que o trouxe, e ele mesmo levou, deixando cicatrizes que esse mesmo tempo não conseguirá apagar. Sorte ou sina? Será que o tempo tem a resposta? Quem viver, verá.

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