Antonio Machado
A jornalista talentosa, Larissa Bastos, vem publicando no caderno B da Gazeta de Alagoas-Jornal excelentes matérias sobre a identidade cultural de Alagoas, a alagoanidade e com muita ênfase, no tocante a depoimentos de alguns seguimentos da sociedades carregados de cultura e conhecimento. Exaltar sua terra deve sempre ser um ideal de cada alagoano, como tão bem cantou Cassimiro de Abreu (1839-1860), “todos cantam sua terra/ também vou cantar a minha,/ hei de fazê-la rainha/ nas débeis cordas da lira”. E esse direito varonil deve estar arraigado a cada alagoano que se preza, visto que esse sentimento ser maior na alma na demonstração pela sua aptidão pela cultura alagoana. Ora, o que identifica essa identidade? Cujo questionamento aparece sempre modificado com as ideias de cada pensador, merecendo, contudo, o respeito a cada um. Portanto, o orgulho de ser alagoano não deve ser carregado de exibicionismo, mas centrado na cultura da região de cada habitat. As manifestações culturais surgidas ao longo desses 200 anos da história de Alagoas, (1817-2017), já demonstram muitos dessa identidade cultural, a exemplo do Sururu, cantado em prosa e verso, não representa essencialmente todo o estado, visto ter regiões que ninguém conhece esse molusco, enquanto outras manifestações culturais são mais abrangentes, como coco de roda, pagode, vaquejadas, novenas, São João, fogo corredor e tantas outras culturas emanadas da sabedoria do povo, que são peças vivas do folclore alagoano e que não podem ser esquecidas, visto serem integrantes da nossa identidade cultural e que representam tão bem nossa terra. Para se chegar eleger um bem imaterial desse elenco de manifestações vindos da “sabência” do povo, que sintetize todos numa palavra que identifica o estado de Alagoas, é praticamente impossível, haja vista determinadas manifestações não serem comum em todas as regiões, daí gerar conceitos antagônicos, como tão bem escreveu um dos entrevistados na matéria que hora comento despretensiosamente da jornalista Larissa Bastos, que situa conceitos e preconceitos.
O tema na busca da identidade alagoana, é abrangente, suscitando vários questionamentos e ideias diversas, levando pensadores, escritores, sociólogos e outros segmentos se debruçarem sobre o controvertido assunto porém sem deixar de ser tema palpitante e interessante ao mesmo tempo, visto abrir um leque de perguntas e questões quase sem respostas pois cada um tem seu conceito por isto é que, a imortal Clarice Lispector (1920-1977) escreveu: “enquanto não houver respostas para minhas perguntas, continuarei escrevendo”.
O cenário que emoldura os intelectuais da cultura alagoana, devem focar o caso com o objetivo de eleger uma palavra chave que simbolize nossa identidade cultural, envolvendo a sociedade, porque é dela que vem o saber, como escreveu Ariano Suassuna (1927-2014), “Meu saber não veio somente dos livros, mas do povo”, enquanto o poeta Colly Flores escreveu: “Os capítulos da história do passado são escritos com a tinta do presente”.
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