O POETA

Antonio Machado

O POETA

Antonio Machado

A natureza em suas múltiplas facetas da criação humana, deixa às vezes, estudiosos estarrecidos, diante de sua grandiosidade, haja vista dar ao ser humano o dom da poesia, mesmo sendo iletrado, analfabeto, ser possuidor da faculdade de rimar de uma maneira bela e surpreendente, assustando os eruditos, que na sua erudição, são incapazes de fazer uma estrofe de quatro versos, dentro de uma beleza singular, porque isto é reservado aos poetas natos, é dom divino, é lei de Deus, como tão bem escreveu outro poeta. “Poeta é quem ver poesia nas flores/ e olha a vida por um caleidoscópio de cores/ poeta é quem tem imaginação/ e sabe que os olhos da alma, são as janelas do coração”, assim também escreveu outro poeta, Adelino Moreira. Isto sim, é poesia, brotada, saída do âmago da alma humana, coisa que as escolas não ensinam. O mês de outubro, mas precisamente no dia 04, é dedicado ao poeta, este ser especial que parece possuir algo divino. Lilinha Fernandes, a rainha da trova brasileira, deixou esta pérola poética, “a um cego alguém perguntou/ vendo-o só, quem é teu guia?/ e ele sorrindo mostrou/ uma cruz, que no peito trazia”, algo tão belo quanto sublime, que para se entender, é preciso se ver com os olhos do coração. Dizem que os poetas nascem, os oradores se fazem, a escola não ensina a se ser poeta, ensina sim, a metrificação, as regras gramaticais e normas que devem saber os poetas. O dia 04 de outubro foi bem escolhido para homenagear o poeta, haja vista ser também o dia dedicado a um grande poeta, São Francisco de Assis, em quem Vicente Pinzon, se inspirou para dar o nome ao rio São Francisco no dia 04 de outubro de 1501, pobre rio, hoje tão vilipendiado e maltratado pelas próprias autoridade que têm o dever de o zelar e cuidar, como um pai cuida de um filho, face sua utilidade, mormente para o Nordeste, mas infelizmente, foi no governo de um nordestino e pernambucano, Luiz Inácio da Silva(Lula) que começou sua degradação, o que é uma pena.
Os poetas são os cantores da vida no seu dia a dia, a poesia vai fluindo no poeta, como o perfume emerge da flor na sua inocência, como a água cristalina de um regato para formar os grandes caudais, Gustavo Corção escreveu: “os poetas são como as crianças, é seu destino cantar diante da vida”, trova e soneto difere uma da outra, a trova já vem pronta, é imediata, o soneto, pode ser vagaroso, modulado gradativo. O imortal Cornélio Pires escreveu: “ser poeta é compreender os sentidos alheios e pelos outros sofrer”. O Nordeste tem sido celeiro de bons poetas, muitos analfabetos, ao estremo, mas de uma verve poética de admirar, a exemplo de Patativa do Assaré, Inácio da Catingueira, Zequinha Quelé do Travessão, é dele esta:” a bacia do perdoe/ eu deixei no Travessão/ emborcada em cima da mesa/ bem pertinho do fogão/ para botar as esmolas/ que os amigos me dão”. Era analfabeto, cego e pobre, porém repentista dos melhores, morreu esquecido e sem nada. O sertão está permeado de grandes poetas, citamos Olimpio Sales de Barros, poeta e político, Benedito do Pedrão, Rozendo Baldo, Zé de Almeida, Zezinho da Divisão, José Orêncio do Tamanduá, Zé Ventura do Gato, muitos desses já são falecidos, mas souberam deixar suas poesias para seus admiradores, com sendo um elo vivo de nossa cultura, tanto os poetas populares, cordelistas, repentistas, sonetistas, que no meio do povo sabem melhor que ninguém arrancar as mais belas gargalhadas e aplausos, como também os euditos, os chamados poetas de gabinete, todos àquelas que fazem poesias, são os poetas do povo. Colly flores, o poeta sem métrica, escreveu: “como é bonito/ quando a manhã se levanta/ na juriti que se espanta/ com medo do caçador/ como é bonito, quando dia amanhece/ trazendo o sol que aquece/ a pétala macia da flor,/ a campina todas orvalhada/ com o sereno da madrugada/ que a noite fria deixou/ começando um novo dia/ numa bela sinfonia, enchendo o mundo de amor”. Estes são deveras, os poetas do povo que mesmo sem estudo, possuem sua verve poética, e que não podem morrer e ficarem no esquecimento da história, porque são êmulos vivos de nossa cultura.

Comentários