INVERNO, ALEGRIA NO SERTANEJO

Antonio Machado

Antônio Machado
O sertanejo é homem forte não se deixa abater facilmente pelas intempéries da natureza, sabe cantar melhor que ninguém suas derrotas e vitórias, sabendo conservar sua auto-estima nas agruras da vida. Aclimatado as secas periódicas, encontra sempre um meio de sair das situações que via de regra a natureza lhe impõe. O sertão do Estado de Alagoas integra o polígono das secas que vez por outra é assolada por fortes secas, causando transtornos aos sertanejos, mas quando o inverno vem traz uma alegria imensa aos lares dessa gente tão arraigada a sua terra como a lesma ao seu caramujo. As chuvas caídas no decorrer do final de abril arrastaram-se por todo mês de maio, prenunciando assim um bom inverno, e este com certeza já começa a despertar interesse nos sertanejos, que vislumbram com um São João animado, onde o milho maduro vai fazer a festa a parte no dia da fogueira, marca registrada da família sertaneja, onde as comidas típicas da região tem destaque na mesa farta de todos. É assim, o sertanejo, homem de mãos calejadas pela faina diária de seu trabalho pesado, porém com um coração pejado de alegria ao lado da família, seu tesouro maior.
Vêem-se no sertão os açudes cheios, riachos até correndo, desperdiçando um caudal imenso, quando aproveitado num açude grande, iria certamente, ajudar mais tarde toda aquela gente tão carente desse precioso liquido, porém, infelizmente a região não possui um açude de grande porte onde pudesse armazenar toda essa água, haja vista ser a água, um dos grandes problemas do sertão, que em períodos chuvosos, mormente nas trovoadas e inverno, a chuva vem em abundância, mas não existe local que possa represar essa água, ela vai embora, por meio dos riachos e córregos, e outra parte se infiltra no solo, deixando o sertanejo sentindo sua falta. As árvores estão frondosas e floridas, as serras coberta de um tapete verde alcativa, propiciando aos olhos de quem passa uma bela paisagem bucólica que enche os olhos de todos numa emoção estonteante. É assim o inverno do povo sertanejo que está rindo com a boca toda dada é sua alegria, tornando-o orgulhoso de sua gleba natal, razão também de sua existência, porque sabe que da terra, outrora seca, haurirá o pão para o sustento de sua família. O sertão está deveras em festa com à chegada do inverno, devolvendo a esperança e a alegria aos sertanejos, que parece se misturar sertanejo e inverno, numa simbiose que só a natureza entende.
O sertão nordestino, mormente o alagoano tem sido tema para muitas discussões, e assunto para muitas reportagens e rico para a literatura de cordel como inspiração para os poetas e prosadores, por exemplo, para o poeta Colly Flores, o poeta sem métrica, como esta décima que ele escreveu: “ O sertão está florido / só se vê terra arada,/ o sertanejo sorrindo / sai cantando toada / acorda de madrugada, / lança-se cedo no val” traz o rebanho do matagal / para a ordenha costumeira / na segunda faz a feira / volta para seu natural “.

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