CRIMES QUE ABALARAM ALAGOAS
Antonio Machado
“Caminhando e semeando, no fim terás o que colher”. (1889-1985 Cora Coralina). Os livros imortalizam seus autores, fazendo-os chegar às academias de letras, disse alguém acertadamente que o tempo é o senhor da história, e dentro deste paradigma vemos o homem inserido na história e fazendo história, visto ser ele seu mentor, como alimentar um portal na internet. Existe àqueles que já nascem predestinados para escrever a história, com tanta perfeição que se tornam eruditos da palavra, como escreveu o imortal Graciliano Ramos (1892-1953): “a palavra não foi feita para brilhar, mas para ser dita”. E essa pura verdade, muitas vezes, causa abusos, transtornos e até mortes, mormente, quando se faz um trabalho investigativo, procurando nos interstícios da historia as respostas exatas para suas consultas, como sabiamente escreveu Clarisse Lispector (1920-1977): “enquanto não houver respostas para minhas perguntas, continuarei escrevendo”. E assim fez o escritor jornalista José Jurandir, oriundo das serranias de Maribondo. Trouxe, pois, Jurandir, a vocação incontida para as letras, fazendo delas sua estrada perlustrada, no jornalismo, e o fazia muito bem, foi combatente e combativo, não se dobrando aos poderes maiores, mas mostrando a sociedade por meios de seus artigos bem feitos, e reportagens focando os erros dos transgressores da lei, dizendo o que era necessário ser dito, sem medo dos telefonemas ameaçadores fazendo sempre das criticas que lhe faziam o alicerce para a construção de novas investidas jornalísticas, coadunando-se aqui, a máxima de Colly Flores que assim se expressou: “quem não recebe com naturalidade as criticas que se lhe fazem, não é digno dos elogios que recebe”.
Conheci o jornalista José Jurandir nas redações do Jornal de Alagoas e da Gazeta de Alagoas, quando ainda erámos correspondentes, e ele sempre atuante e decidido, dado seu talento, escrevia textos bem feitos e enxutos, robustos de um magistral conteúdo provocando até impacto nos jornalista veterano. Enveredou por todos os jornais da província, formou-se necessariamente em Jornalismo e Direito por delantismo, mas fez do primeiro sua bandeira de luta pela vida afora. Jamais, esse jornalista recuou adentrar em lugares tenebrosos, arriscando até às vezes a própria vida, na busca da verdade procurando fazê-la in-loco sem projetá-la por meio de escrevê-la para que o público que o aplaudia e vibrava com sua verve jornalista.
José Jurandir foi autor de vários livros, porém publicou poucos, antes de falecer lançou Crimes que abalaram Alagoas, que por meio do professor amigo, Robson França, li seu ultimo livro escrito, verdadeiro relato do passado escrito no presente, quase uma centena de crimes hediondos perpetrados das mais variadas formas contra o ser humano, numa odisseia sem fim, crimes que enlutaram famílias, tolheram esperanças, macularam almas que os anos não apagaram, se os esqueceram, mas guardaram no coração. Esses relatos fidedignos, esse bravo e saudoso jornalista José Jurandir, trouxe a tona em seu famoso livro Crimes que abalaram Alagoas, escreveu muito, porém pouco publicou, infelizmente o talentoso jornalista escritor veio a falecer bem jovem ainda, deixando seu talento, nos livros que escreveu e nas reportagens que publicou.
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