CENTENÁRIO DE SILVIO CALDAS

Antonio Machado

Antonio Machado
Não sei se é o homem que faz o nome ou o nome faz o homem, neste paradoxo do cotidiano da vida, nasceu Silvio Narciso de Figueiredo Caldas aos 23 de maio de 1908 filho de um consertador e afiador de pianos, Antonio Narciso Caldas e Alcina Figueiredo Caldas, artisticamente Silvio Caldas e o homem foi fazendo o nome, talvez a habilidade no traquejo com esses instrumentos musicais, tenha influenciado o garoto Silvio Caldas para a música, pois desde cedo demonstrou acendrada vocação para a música, teve também experiência na área de mecânica, onde tinha certa aptidão, arte esta que o acompanhou por grande parte de sua vida, mas sempre gostou de cantar. Pelos idos de 1927, foi levado por Antonio Gomes “rulongueta” para cantar na rádio Mayrink Veiga, e, que posteriormente fez amizade com os compositores Uriel e Cândido das Neves e o pianista Bequinha.
Nesse meio artístico Silvio Caldas aumentou seu circulo de amizade com nomes já firmados no meio artístico, a exemplo de Gastão Formenti, Francisco Alves, Patrício Teixeira, Rogerio Guimarães, Estevão de Miranda além de outros, que já integravam o novo caste da rádio sociedade pelos idos de 1927 mas mesmo no meio artístico, não abandonava a profissão de mecânico onde possuía bons conhecimentos. Então as profissões mecânica e artística, esta, falou mais alto, e resolve fixar-se na arte de cantor, visto sua voz agradar aos que o ouvia, constituindo-se, deveras o cantor Silvio Caldas com o impulso de sua voz em suas canções lotavam os auditórios das rádios e caíam na boca do povo, pois seus shows arrebanhavam multidões e o sucesso aflorando em cada música.
Em 1930 fez sua primeira gravação, trabalhando no Teatro Recreio na revista “Brasil do Amor”, comandada por Ary Barroso e Marques Porto, seu sucesso foi tanto que recebeu o cognome de “caboclinho querido”.
Na Vitor, gravou, Silvio Caldas, uma das músicas intitulada Maria de autoria de Ary Barroso e Luiz Peixoto, que brilhou no carnaval de 1933, e seguiu alegremente os carnavais com suas marchas que sacodiam o povão nos velhos carnavais de verdade...
Em 1935, Silvio Caldas, já na Odeon e comunica-se com Orestes Barbosa, dupla que fez o Brasil cantar com as mais belas páginas musicais, nas letras magistrais dos maiores compositores da época enveredando pelas canções sonoras da época, como Serenata, Santa dos meus amores, Torturante ironia, O telefone do amor, O nome dela não digo, Chão de estrelas, Pastorinhas, De João de Barro, Professora, Mágoas de um trovador, Sorris da minha dor, sempre em forma de canção e samba canção que mais se adequava sua voz delirando seus admiradores.
Eram letras com verdadeiros sentidos poéticos, inspiradas no cotidiano do amor, no fracasso e nas vitórias ao contrário de hoje, que qualquer banalidade serve de inspiração como: “Um carro velho quebrado” “um amor que não existiu” “eu gosto de ti, e você não gosta deu” assassinando a língua portuguesa e outros dissabores e baboseiras que só são gravadas mediante dinheiro que fala mais alto, sem ser piegas, mas a nossa música popular brasileira está caminhando para trás, carecendo de uma renovação, parodiando Vinicius de Moraes, que disse “chega de saudade” agora é época de dizer “chega de tanta besteiras e músicas inúteis e sem graça” os bons estão se indo, dando lugar aos ruis. Até quando? Sabe Deus.
Mas finalmente a bela voz de Silvio Caldas que está fazendo 100 anos de nascimento se diluiu com a idade e veio a falecer no dia 13 de fevereiro de 1998 deixando seu nome escrito nas páginas da música popular brasileira – MPB.

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