Antonio Machado
O mês de Julho, mais precisamente na altura do dia 28, quando a calenda do tempo assinalava o ano de 1938, naquela quinta-feira fatídica o grupo do tenente João Bezerra da Silva (1904/1970), dava cabo ao famigerado bandoleiro Virgolino Ferreira da Silva, Lampião, nascido no dia 04 de junho de 1889, no Sítio Passagem das Pedras, (Vila Bela) atual Serra Talhada, estado de Pernambuco e vindo a falecer no dia 28 de julho de 1938, em Angicos estado de Sergipe.
O cangaço foi um período negro na história do nordeste,os pequenos furtos de bodes e gados dos vizinhos no Vale do Pajeú foram gerando encrencas, indiferenças e posteriormente intrigas entre as famílias daqueles arrabaldes, nascendo o fenômeno do cangaço numa vida de violência e nomadismo nas caatingas causando medo e desespero as famílias, mormente àquelas que viviam no meio rural. Afirmam os pesquisadores que Lampião que ele não foi o primeiro dos impostores nas investidas do cangaço, outros, a exemplo de Antônio Porcino, de quem Lampião se separou levando uma horda de aproximadamente 100 cangaceiros, sendo ele o chefe, outro grupo coordenado por Antônio de Matilde também viveu no nordeste. As acusações recíprocas entre as famílias sertanejas, organizaram esses bandos dando vida ao cangaço que pontificou nos sertões nordestinos de maneira forte e contundente, que muitas vezes se misturavam com a polícia que nas atrocidades eram quase iguais, levando os sertanejos a se interrogarem, quem eram os mais perversos.
Por cerca de vinte anos (1920-1940), o cangaço viveu nos sertões de Pernambuco, Alagoas, Sergipe e parte da Bahia, sempre alimentado de roubos e saques as famílias, mormente as mais pobres, pode-se dizer que quando a sociedade alta pediu ao caudilho Getúlio Dornelles Vargas, então Presidente da República, o governador de Alagoas Osman Loureiro, ouvindo os apelos dos sertanejos, de imediato, autorizou o Tenente João Bezerra da polícia alagoana encurralar o famigerado bandoleiro, e na madrugada de 28 de julho de 1938, exatamente há 78 anos deu cabo a Lampião, Maria Bonita, sua amazia, e mais Luís Pedro, Quinta-Feira, Elétrico, Mergulhão, Enedina, Moeda, Cajarana e Caixa de Fosfóro, perfazendo um total de 11 mortos na fatídica chacina de Angicos, acabando o terror nos sertões. Curisco, o diabo loiro, sobreviveu ao massacre, visto não estar no grupo de Lampião naquele dia, em sendo da mesma bitola de seu amigo tornou-se impiedoso facínora, saiu acabando com tudo matando as pessoas sendo assassinado no dia 03 de maio de 1940, no município de Brotas de Macaíba na fazenda Pulgas estado da Bahia pela coragem indômita do Tenente José Ozório de Farias, Tenente Zé Rufino. A sua mulher Dadá, estava com ele, porém no tiroteio só morreu Curisco, fechando assim o ciclo do cangaço na região. Neste ano da graça de 2016, quando se comemoram cerca de 78 anos do extermínio do cangaço no nordeste essa história torna a ser recontada pelos historiadores e biógrafos desses bandoleiros que deixaram marcas que os anos cicatrizaram as feridas do corpo, mas não apagaram as dos corações que amarguraram na alma a dor de um frio punhal tanto de Lampião quanto de Maria Bonita e seus asseclas, e ainda o ferro em brasa de JB, ferrando as pessoas, o ímpio e assassino frio João Baiano.
Hoje a Sociologia retrata o cangaço por uma ótica mais amena, querendo apaniguar a veracidade viva dos fatos, dizendo que tudo foi produto do meio, e a vocação para o cangaço nasceu com o próprio cangaceiro, que tinha asco a sociedade, dada as atrocidades como eram perpetrados os crimes. Maldito seja, pois, o cangaço.
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