Fui menino, ouvi o canto dos pássaros nas copas do Ipês amarelos; me banhei e pesquei nas águas salobras do Rio Ipanema, nas manhãs primaveris; ouvi o canto do Juriti nas almofadas das Juremas, pertinho da minha casa.
Vi o amigo Benedito Soares caçar rolinhas com peteca na Camoxinga dos Teodósio, e matar apenas caga-sebo, tonta e vim-vim; me assustava com o Fogo-corredor ou Fogo-fátuo, varrendo a Serra da Camonga, e com o canto das Rasgas-mortalhas na torre da Igrejinha;.
Assisti aos seriados de Fumanchu, Mala, a Deusa de Joba e os filmes de Rock Lane, Roy Rogeris e Zorro, no Cine Glória; levei choque com o amigo Benedito Soares nos fios caídos ao chão, da Empresa de Luz & Força onde o velho Agenor operava
Assisti às cheias do Panema e do Riacho Camoxinga, em 1960, e vi o Bloco do Zé Pereira sair às ruas de Santana na semana que antecedia o carnaval.
Tudo isso eu vi e vivi sob os ares que respirei na minha infância e adolescência.
Hoje, com os anos tecendo em meus cabelos o prateado das primaveras que ficaram para trás, vejo através desta foto a experiência que comove e me faz dizer, que fui mais feliz ao lado dos meus velhos e queridos pais.
Literatura: FUI MENINO EM SANTANA DO IPANEMA
LiteraturaPor Remi Bastos Silva 10/11/2023 - 20h 07min Acervo do Autor
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