Blogs: Um grão de areia na imensidão

Literatura

Por João Neto Félix Mendes - www.apensocomgrifo.com

A despeito da nossa vontade, o tempo avança, não espera, não para, não volta, e talvez por isso mesmo, seja assunto de tanto valor, especialmente a partir do momento em que se percebe que boa parte da vida se foi para nunca mais e já não se pode dispor de todo o tempo do mundo. Os dias podem ser infindáveis, mas os anos, esses voam sem dó de quem quer que seja, nem daqueles que vivem intensamente e muito menos dos que se atrevem a perder tempo.

A expectativa da morte vive nos rondando, ora de um jeito, ora de outro. Ninguém escapa dessa angústia em algum momento. Não é de todo ruim! O ser humano, no alto da sua soberba, merece ser lembrado da sua finitude! Chegamos e partiremos deste mundo pelas mãos dos outros. Somente isso já deveria ser um pedagógico ensinamento para nos tornarmos mais cooperativos e solidários. Mas não! Chega-se a deduzir que a humanidade é uma quimera, viciada em transgressões em todas as suas formas, onde individualismo e egoísmo crescem a passos largos. Única espécie que destrói a própria raça.

Exceto os humanos, nenhum outro mamífero tem infância tão longa. Quando se é criança, carente de proteção e de autonomia, a gente teme pela morte dos pais, que são o nosso porto seguro, guiado pelo instinto de sobrevivência. E assim, nas demais fases da vida, seguimos ignorando ou fingindo desconhecer a única e indefectível certeza existencial - a morte -, embora tantas ocorrências pareçam-nos precoces, trágicas ou injustas, por assim dizer!

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