O PODER LEGISLATIVO E A SOCIEDADE

Rogivaldo Chagas

De fato nós que somos eleitores temos (infelizmente) um sentimento negativo do Poder Legislativo, seja ele as Câmaras Municipais, as Assembléias Legislativas e até mesmo o Congresso Nacional, e dentro de cada cidadão seja ele esclarecido ou não, não temos uma imagem positiva, não conseguindo entender o que é de fato que os mesmos fazem durante seus mandatos. O nosso modelo eleitoral contribui ainda mais para essa realidade, com propagandas partidárias ridículas, somados aos candidatos despreparados, inconseqüentes e principalmente sem a mínima condição de exercer suas funções profissionais ou pessoais, assume dentro desse espaço democrático, a responsabilidade de legislar, de pensar, de elaborar, de fiscalizar, de nos representar, de fazer valer os interesses da coletividade, a mesma que o colocou na condição, seja a maneira que for pela qual entrou nas casas legislativas.
Para ser mais realista ainda são os candidatos, a concorrência, a oposição como chamam eles, interessante isso, se nem sabe o que é isso, situação-oposição, dentro do contexto ambiental, o qual trabalho, chamamos isso de exótico, exótico mesmo, estranho de natureza como se diz, sem conhecimento algum sobre políticas públicas. Somado ainda mais com um sistema eleitoral complicado, que a sociedade talvez na sua maioria nem entenda, como os coeficientes eleitorais para o preenchimento da vagas, não entram sequer os mais votados, até chegarmos no descrédito da nossa classe política e o mais complicado, que se trata do profundo desconhecimento sobre a função do parlamentar são outros ingredientes que ajudam a explicar tamanho descaso por parte da população.
Às vezes parece brincadeira, mas isso merece uma reflexão: de quem é a culpa dessa situação do nosso legislativo, será da comunidade? Esse sentimento é sentido por todos nós, mas temos que dar resposta, e o pior quem imagina que não tem nada a ver com isso, ou não dá muita atenção, isso é uma nota triste e perigosa, pois vamos continuar a cada novo pleito eleitoral elegendo sacripantas em sua maioria, claro que temos muita gente boa nesse meio, será? E nós ficando a mercê das situações problemáticas existentes em nossa sociedade, infelizmente.
Eleger vereadores, deputados e senadores despreparados moral ou intelectualmente, pregar o fechamento das casas legislativas (pois assim se economizaria muito dinheiro) e reclamar da roubalheira dos políticos, dando a todos, indiscriminadamente, o mesmo rótulo sumário de desonestos são posturas que só agravam o problema. Nivelar por baixo é favorecer quem atua nos subterrâneos. As Câmaras Legislativas são essenciais para o bom andamento do Estado de Direito e exercem papel preponderante no destino de um país. Mas enquanto sua imagem estiver vinculada apenas a episódios como compra de votos para reeleição, ‘mensalões’, chantagens por cargos, desvios orçamentários, verbas de gabinetes mal controladas, assessores militantes ocupando o lugar de técnicos capacitados e todo o tipo de negociata escusa, não estaremos vivendo uma democracia plena. E o que temos que lutar, nós brasileiros é principalmente pela democracia, e pelo bom andamento dos poderes, para assim chegarmos ao desenvolvimento, seria utopia ou não? Eis a questão.

ROGIVALDO CHAGAS
Geógrafo e Pós-Graduando em Gestão Pública Municipal, atualmente ocupa o cargo de Diretor de Meio Ambiente em Santana do Ipanema.

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