Esta semana vi na televisão mais uma daquelas reportagens de fim de ano que fala sobre o aquecimento na economia ocasionado pela proximidade da alta estação. O comércio vende mais por conta das festas natalinas e de fim de ano. O revellion e o natal são festas gastronômicas e tem nesse meio as brincadeiras de confraternização e trocas de presentes. Tem a brincadeira do amigo secreto e do amigo doce.
Até o mês de fevereiro a economia estará aquecida. Em janeiro vem as festas de Santos Reis e o dia primeiro de janeiro é dia da paz universal. Há realmente um incremento na economia. Há quem economize o ano inteiro e proporcione a si mesmo, uma excursão pelo sul e sudeste do país. Ou quem animado pelo 13º e outras bonificações se aventure num cruzeiro dentro de um transatlântico com direito a show de Roberto Carlos.
Há quem troque todo o mobiliário, pinte ou faça uma reforma geral na casa. Há quem compre um carro, ou troque o velho por um novo. Aqui no Nordeste e sertão brasileiro, há uma tradição antiga de comprar-se vestimentas novas, para as festas de fim de ano. Quem não pode renovar o guarda-roupa, ao menos compra peças íntimas novas. E faz questão de entrar ano novo de calcinha, cueca ou meias brancas, pra dar sorte no ano que se avizinha.
Por conta disso ocorrem as contratações para atendimento da demanda. São os chamados empregos temporários. Se o iniciante for bom, pode até permanecer na função, tudo é questão de interesse. Na reportagem que citamos no início da prosa, entrevistaram uma dessas pessoas que são contratadas pelas lojas da 25 de março em São Paulo. E o repórter perguntava:
-Você não acha ruim quando determinados fregueses pedem várias peças de roupas experimenta um monte, e no fim não leva nada?
A pessoa contra argumentou dizendo:
-Não. O que importa pra nós é a satisfação do freguês!
Isso nos fez lembrar de Seu Frederico, um dos nossos vultos históricos Municipais, irmão de Dona Herminia. Foi intendente Municipal acho, na década de 30. Cheguei a conhecê-lo, viveu até a minha época de rapaz. Figura simplória e respeitada. Passeava todas as tardes, trajando sempre um terno e não dispensava o chapéu de massa na cabeça. Conversador e atirado a brincadeiras. Certa ocasião ele entrou na loja Center Fabril de tecidos e confecções, que funcionava onde hoje é Lourival Madeiras. Pediu ao despachante um monte de chapéus, calças e camisas pra olhar. Experimentou outras tantas peças, e perguntou preços, mas comprar que é bom, nada. Ao dirigir-se pra fora da loja virou-se pro rapaz e encarando-o disse:
-Filho de rapariga não sou, viu!
-Oxente! Seu Federico eu não disse nada...
-Não disse mas pensou!
Fabio Campos 14/12/2010 É Professor em S. do Ipanema-AL.
Comentários