Madame Marinita, foi uma conhecida vidente, de todos nós santanenses. Morou em nossa cidade, no final dos anos setenta e início dos anos oitenta. Apenas tinha residência fixa em Santana do Ipanema, mas dificilmente se encontrava em casa. Tinha uma agenda cheia. Passava a semana excursionando pelas cidades circunvizinhas. Atendendo sua clientela. Ia para as cidades de acordo com o dia da feira livre. As Segundas- feiras, Olho D’água das Flores; Terças-feiras, estava em Senador Rui Palmeira; Quartas- feiras, atendia em Dois Riachos; Quinta - feira em Canapi e nas Sextas-feiras ia pra cidade de Itaiba, no vizinho estado de Pernambuco. Aqui, claro, era aos Sábados.
Seu sucesso era tanto que atendendo a pedidos dos clientes e fãs, comprou um horário na Rádio Correio do Sertão. Onde passou a ter um programa intitulado: “Quando o Coração Pergunta e os Astros Respondem”. Era nele que ela passava sua agenda diária. Respondia as cartas dos seus clientes e ouvintes. O rádio era a única maneira dela se comunicar com seus pretensos clientes das mais longínquas paragens. Aproveitava pra dizer que “aquele determinado caso” exposto na carta, não daria pra resolver pelas ondas do rádio e pedia que a pessoa lhe procurasse pessoalmente. Pra isso, indicava o centro de atendimento e sessões mais próximo daquela pessoa.
Interessante era a chamada propagandística da profetiza dos sertões. Rememoremos os reclames da adivinha no rádio: “Casamentos atrapalhados, vício de bebedeira, Olho gordo, fracasso nos negócios; Pra tirar trabalhos de bruxaria e magia negra; Visões e alucinações atrapalhando sua vida. Encostos e maus pensamentos. Se alguma dessas coisas acontece com você ou quem alguém de sua família. Procure a ajuda da Madame Marinita: Ela passou um ano nas matas virgens, vivendo e alimentando-se de frutas e ervas silvestres. Meditando e aprimorando seus dons espirituais. Serviço garantido. Procure a madame Maritina. Sua sala de sessões fica situada à rua...” Daí passava todos endereços.
Um fato interessante aconteceu uma vez na porta da emissora. Nesse tempo a rádio, funcionava próximo da entrada da Rua Antonio Tavares. Perto do Bar Comercial do amigo Mário Pacifico, "o melhor cuscuz com bode da cidade". A madame Marinita vai saindo, tinha acabado de fazer o programa. Ela dá por falta do carro que deixara estacionado ali na frente. Vasculha a bolsa em busca da chave não acha. O saudoso Pelé (Wiliam Viter) estava na porta conversando com Jota Mendonça, também funcionário da rádio Correio. A madame aproveita pra perguntar ao nosso amigo locutor:
-Pelé você viu quem saiu com meu carro?
-Vi. Foi seu marido. Saiu ele, e uma dona bem bonita.
-E quem era essa, que saiu com ele?
-Vôte madame! A senhora é ou não é vidente?
Ela fechou a cara indicando que não gostou muito da brincadeira. E nosso amigo cuidou de tranquilizá-la. Pra dizer que a moça na companhia de seu marido, o saudoso professor Gabogeny, era a filha do casal.
*Fabio Campos 23/03/2010 *É professor Estadual e Municipal em S. do Ipanema- AL.
Contato:fabiosoacam@yahoo.com
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