MEDITE
(Clerisvaldo B. Chagas, 30 de dezembro de 2010)
Nesse final de governo Lula, vamos recordando o dirigente brasileiro mais polêmico da nossa história, que foi Getúlio Vargas. Estamos dentro dos oitenta anos em que o militar tomou conta do poder. E se quisermos entender um pouco da fase depois do império, podemos chamar o período que vai de 1889 a 1930 de primeira república, república do café com leite ou república velha, denominação mais conhecida. É costume dividir essa república velha em duas partes: república da espada (com Deodoro e Floriano) e república oligárquica (com a influência de fazendeiros coronéis). Em 1930 o Brasil entra na chamada Era Vargas através de revolução que assegura Getúlio como presidente provisório. Esse governo provisório durou até 1934, quando Getúlio foi eleito indiretamente pela assembléia constituinte e governou através dessa constituição até 1937. O término do seu mandato estava previsto para 1938, mas em 1937, Getúlio resolveu dar um golpe e passou a governar como ditador até 1945. Essa fase passou a ser chamada de Estado Novo. Devido às agitações que tomaram conta do país, o exército resolveu depor o presidente que não opôs resistência e retirou-se para o Rio Grande do Sul. Assumiu interinamente o presidente do Supremo Tribunal Federal, José Linhares. Com essa primeira queda de Getúlio Vargas do poder, tem fim também o chamado Estado Novo. Em 1951, porém, Getúlio volta ao poder presidencial e desta feita eleito democraticamente. De novo com as agitações do país, Getúlio é acossado para deixar o poder e resolve tirar a própria vida em 24 de agosto de 1954.
Getúlio foi polêmico em todas as quatro fases em que governou o país. Amados por uns, odiados por outros, foi manchado de retrocessos e pintado por vitórias importantes. Marcaram suas fases governamentais coisas como golpe de estado, revolta paulista de 32, expansão de doenças como tuberculo-se, difteria, paralisia infantil, varíola e a sífilis, direitos trabalhistas, Intentona Comunista, ditadura, enfraquecimento do coronelismo, Segunda Guerra Mun-dial, industrialização e outros acontecimentos importantes. A Era Vargas, tam-bém foi a Era do Rádio, dos grandes compositores e cantores que se fizeram eternos no mundo artístico entre 1940 e década de 50.
Agora, em 2010, deixa à presidência um civil (operário) com dois manda-tos sucessivos e uma popularidade de 83%. Lula não quis por em risco a de-mocracia tão duramente conquistada pelo nosso povo e, tão pacificamente como chegou ao planalto, deixa festejando a sua trajetória. Não houve suicídio, trauma nem revolta. São lições que outros governantes latinos bem poderiam aprender como os “TVs” preto e branco da Venezuela e da Bolívia. Um final de ano verdadeiramente democrático para o Brasil e para o Mundo. MEDITE.
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