MADE IN PARAGUAI
Clerisvaldo B. Chagas, 8 de novembro de 2011
Como diria um grande amigo dos tempos escolares, é uma peste mesmo esse negócio de fama. Todo mundo conhece como se expande a propaganda do caro ou do ruim. Se uma casa comercial tornar-se conhecida como careira ou que só vende o que não presta, a tendência é quebrar porque o concerto na boca do povo parece sem remédio. Já a propaganda do bom é mais lenta, muito embora um pouco mais segura, pois parece que todos gostam mais de divulgar as qualidades negativas de tudo. Isso tanto pega nos negócios quanto na própria moral humana com uma facilidade extraordinária. Os conceitos consolidam-se também entre países, grudando como se gruda às pessoas, aos objetos, as ações de famas duvidosas. É por isso que tem razão a ministra Liz Cramer do Turismo do Paraguai. A impressão desse nosso vizinho avaliado por brasileiro não é nada boa. Mesmo para quem não conhece o Paraguai o que ouve falar é: preguiça falta de produção, alcoolismo e produtos “pebas”. Ressaltando os produtos, é comum o ditado: “Isso é coisa do Paraguai”, quando na verdade é coisa da China. Quanto à música e a beleza das paraguaias, são adendos ressaltados como unanimidade.
Tem motivos de sobra, portanto, a ministra, em querer trabalhar para transformar a nossa mentalidade sobre o assunto constrangedor. Até porque há pouco tempo, os chamados “brasiguaios”, aqueles que produzem com o suor do rosto em terras dos nossos vizinhos, estavam sendo ameaçados de morte e de expulsão, apoiados, disfarçadamente, pelo governo daquele país. E se o Paraguai nada quer produzir e nem deixar que seus vizinhos produzam em suas terras, é porque conhece outra fórmula de prosperidade, que desco-nhecemos. O futuro não está no ódio moedor do passado. Não se faz presente nas barbas de Uribe, nem sobre os galões dourados de Caxias. E se sabemos tão pouco sobre os irmãos latinos, como diz a ministra, são pela falta de propa-ganda e interesse deles próprios. Não temos certeza se os métodos emprega-dos para atrair investimentos brasileiros para o Paraguai estão corretos. É certo, porém, o interesse de querer fazer alguma coisa para a saída do marasmo que só faz aumentar a desconfiança. Evitamos a palavra preconceito. O que existe é uma opinião dentro da realidade apresentada.
A busca do Paraguai pela sua verdadeira identidade é justa, mas o mundo dos negócios observa as coisas com profundas desconfianças. As novas estratégias vizinhas serão de fundamental importância para se sair da fase de reclamação para o estágio evolutivo. O despertar representa o primeiro passo da maratona. Ninguém caminha dormindo, só os sonâmbulos. Esperamos que os nossos irmãos ─ cercados de prosperidade a leste com o Brasil, pelo oeste com a Argentina ─ encontrem também o caminho de orgulho MADE IN PARAGUAI.
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