A BARBA DE ARÃO

Clerisvaldo B. Chagas

A BARBA DE ARÃO
(Clerisvaldo B. Chagas. 31.3.2010)

Quase passa despercebida no Brasil, a presença do novo presidente do Uruguai José Mujica. Trazendo inventivos planos para a economia daquele país, Mujica veio pedir apoio ao dirigente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva.
Mesmo tendo pouca extensão territorial, o Uruguai é o nosso único vizinho pelo sul e merece absoluto respeito. Sendo um dos membros fundadores do MERCOSUL, possui indicadores sociais elevados e uma pequena concentração de renda entre os seus platinos habitantes. A mortalidade infantil é menor de que a média da região e a taxa de analfabetismo é quase zero. Até a década de 60, o Uruguai teve significativo desenvolvimento que diminuiu com a queda de preços dos seus produtos exportáveis. A partir dos meados do século XIX ─ com a chamada Revolução Industrial ─ o Uruguai passou a fornecer produtos agropecuários, principalmente carne, couro e trigo. O seu crescimento econômico ficou atrativo para imigrantes da Europa, notadamente espanhois e italianos, até mesmo pela facilidade da linguagem.
O nosso vizinho e parceiro do sul tem seu espaço basicamente dividido em três partes. A primeira são áreas de criação de gado bovino e ovino. O seu relevo permite que 90% do seu território sejam dedicados ao criatório. A segunda parte é ocupada pelas cidades distribuídas por todo o país com funções administrativas e prestações de serviços. E finalmente vem a área de agricultura e pecuária intensiva (cereais, hortifrutigranjeiros e leite). Esses produtos do campo vão para a indústria têxtil e as relativas aos frigoríficos. A maioria dos produtos de exportação desse país do Prata, é da agropecuária. Mesmo assim a participação maior no PIB uruguaio vem da prestação de serviços e do comércio. Sua população se concentra nas áreas urbanas, distribuídas em cidades pequenas e médias. Aliás, não existem grandes cidades no país. Se formos olhar o passado, vamos encontrar o Uruguai como província Cisplatina anexada ao Brasil e também aliado ao Império em guerras envolvendo Argentina e Paraguai
O presidente eleito pretende construir um porto de exportação para servir a todos os países da América do Sul. Isso parece o sonho central de Mujica para o seu dinâmico território. Com certeza um empreendimento desse porte seria oxigenar tanto a economia uruguaia quanto a dos países do próprio MERCOSUL. O porto seria para o Uruguai uma via de exportação do ferro e futuramente do aço. Caso os formadores do Mercado do Sul queiram de fato uma região integrada, nada melhor de que aproveitar a ideia de boa convivência. Os exemplos atuais de israelenses e palestinos não fazem às delícias da paz. Muita diferença tem da América do Sul para o Oriente Médio. “Ó quão bom e suave é que os irmãos vivam em união. É como o óleo precioso que desceu sobre a barba, A BARBA DE ARÃO (...).


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