“Arquiteto por profissão, poeta por vocação e matuto por convicção”, Jessier Quirino foi uma das grandes atrações do primeiro dia da 8ª Bienal Internacional do Livro de Alagoas. O poeta paraibano participou de um bate-papo na noite deste sábado (30) no Teatro Gustavo Leite.
Com seus “causos” e declamações inspirados no universo popular, Quirino faz arrepiar qualquer sertanejo apaixonado por suas raízes. Um microfone e um banquinho são suficientes pra ele e toda a sua habilidade em descrever o sertão e interpretar sotaques e expressões corporais do matuto, personagem principal de suas histórias.
Fazendo referência ao litoral alagoano e sua estadia à beira-mar, Jessier apresentou ainda dois poemas no melhor do estilo “galope à beira-mar”, gênero da poesia popular tradicional entre cordelistas e repentistas.
“Saí de Campina montado num jegue
Rumando pra Ilha de Itamaracá
Dezoito semanas sem nem descansar
Cheguei numa praia cheinha de fême
Vestida somente de óleo e de creme
Na parte de baixo um fio-dentá
Olhei pra direita achei um casá
Roçando um no outro deitado na areia
Valei-me São Jorge que a coisa ta feia
Tou vendo um galope na beira do mar.”
Com leveza e bom humor, Jessier colocou o teatro para cantar, levantando uma importante bandeira, a da preservação ambiental. “As mangueiras tão de luto e as mangas de sentimento, derrubaram um pé de manga pra fazer um apartamento” compõe o seu “coco do pé de manga”.
Com o causo “Trem da Great West” Jessier Quirino encerrou sua participação na Bienal do Livro, arrancando gargalhadas e aplausos da plateia, que ficou de pé para saudá-lo.
De lá, o poeta foi direto para o estande da Editora Bagaço, responsável pela edição dos seus livros, para o momento de fotos e autógrafos.
Comentários