Doença pode ter relação com a zika; números não são oficiais
Não existem dados oficiais em Alagoas, mas o aumento do número de pessoas que apresentaram a síndrome de Guillain-Barré no estado, entre os meses de maio a dezembro deste ano, tem chamado a atenção de médicos. Foram 40 registros durante o período, contra, no máximo, 18, em todo o ano passado.A relação da doença com o zika vírus ainda é investigada, mas de acordo com o médico hematologista Wellington Galvão, o vírus aumenta em cerca de 20 vezes a possibilidade de desenvolvimento da síndrome.
A Guillain-Barré é uma doença que afeta o sistema nervoso, podendo provocar fraqueza muscular e paralisia temporária dos membros. O tratamento, para ser mais rápido e eficaz, precisa ser realizado na fase inicial da doença. O médico Wellington Galvão explica que a síndrome pode acometer pessoas de todas as idades, inclusive crianças.
Dos 40 casos tratados este ano, a maioria afirmou ter tido o zika vírus. Do total de notificações da síndrome, cinco foram registrados em crianças com idades entre 4 e 8 anos, sendo duas delas oriundas da capital e três do interior do Estado. Todos os pacientes já receberam alta e ficaram curados, sendo que alguns deles continuam passando por sessões de fisioterapia. Segundo o médico, eles não apresentarão nenhum tipo de sequela. Não houve registro de óbito pela doença.
Wellington Galvão ressalta que aos dados oficiais referentes aos casos de zika vírus em Alagoas não condizem com a realidade, o que dificulta a correlação entre o vírus e a doença. Mesmo assim, ele afirma que a zika aumenta em até 20 vezes a possibilidade de desenvolver a síndrome - que geralmente ocorre como consequência de uma virose.
"Hoje nós não temos uma estimativa correta das pessoas que tiveram a zika. O que temos é o diagnóstico clínico, mas não confirmado por meio de investigações laboratoriais. Milhares de pessoas já apresentaram os sintomas, mas poucos casos foram confirmados", afirma.
Os últimos dados divulgados pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) apontam que Alagoas registrou somente 32 casos confirmados de zika em 2015. Em relação aos casos de Guillain-Barré no estado, a Sesau informa que o Ministério da Saúde estabelece que as notificações dessa doença não são compulsórias, ou seja, não faz-se necessário comunicar à pasta os casos registrados nos hospitais do estado. Por isso, não existem números oficiais.
O diagnóstico da síndrome de Guillain-Barré é comumente feito por um médico neurologista. Todos os casos da doença que chegaram de maio a dezembro ao Hospital Geral do Estado (HGE) foram encaminhados à Santa Casa, onde os pacientes foram submetidos ao tratamento de plasmaferese terapêutica.
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