Minhas quedas.
Que eu não sirva de exemplo.
Quedas
Cair do cavalo é uma ação quase inevitável para aqueles que praticam diariamente o esporte equestre, que buscam ultrapassar seus limites e superar desafios.
Afirma Dr. Marcos Korukian: ?Em geral, a queda do cavalo machuca mais o ego do que o próprio corpo?.
Cair do cavalo pode eu, tu e ele, somente bêbado que não cai: desaba!
Em tom de brincadeira, acredito, afirma meu amigo Cleto Marques Luz, 50 anos, ?só cai do cavalo quem é mau montador.?
Já Artur Amorim, 30 anos, experiente homem em cavalos, afirma ?O cabra que nunca levou uma queda, ou não monta ou não se diverte e nem testa seus limites?.
Nailton Junior, um dos cavaleiros do grupo denominado Expedicionários de Alagoas, afirma: ?Somos 23 no grupo, se cada um contar duas quedas já vai dar um livro... Minhas que me lembre foram umas quatro?.
Cicinho Toledo, o mais experiente dos expedicionários, 68 anos, diz: ?as quedas de cavalo que já vi, são incalculáveis. Conto todas! Menos as Minhas?. Também presenciei incontáveis, porém, nesta ocasião serão narradas somente as minhas.
Não estou aqui a fazer apologia ao acidente de queda de cavalo. Nada para vir trazer alarme aos que se iniciam no mundo equestre. Com os cuidados necessários, as quedas poderão sim ser evitadas ou diminuir tragicamente essa possibilidade. Cuidados que eu não tive.
?Cair do cavalo é uma expressão popular que significa se dar mal em alguma atividade...? Inclusive cair de fato do cavalo, ou quebrar a cara, levar um tombo ou cheirar terra.
As quedas de cavalo são dos mais diversos tipos: quedas em doma do animal, quedas motivadas por cilhas folgadas, quedas por ruptura dos arreios, quedas de cavalo passarinheiro (se assusta e provoca deslocamentos violentos laterais ou direção inesperada), quedas de cavalo que acua ou empaca (muitos em competições hípicas), quedas por topadas das patas do animal, má índole do equino e quedas por má equitação;
a) comandos de assento ou de contato rédeas/apoio equivocados,
b) não conhecer e aplicar a arte de reger as forças do animal!
Alguns esportes por suas características apresentam maior índice de acidentes com o ginete e o cavalo. O cavalo também cai. Polo equestre, o jogo do pato, (esporte equestre nacional da argentina), a vaquejada, a pega de boi, o hipismo e o turfe são os campeões em acidentes. Simplesmente quedas. Todas por desequilíbrio e ou desarmonia do conjunto cavalo e cavaleiro ou amazona. Já nas cavalgadas, esporte de puro laser; montar e sair por aí, ali e alhures, as quedas são menos frequentes. Assim mesmo na maioria culpa unicamente do cavaleiro/amazona.
Não existem técnicas de como cair, mas levam ?? vantagem?? nas quedas os praticantes de judô ou outras artes maciais. As técnicas de rolagem daqueles esportes, ajudam ou auxiliam na dispersão da energia. Porém na maioria das quedas não há tempo de se preparar como cair, é tudo muito rápido, não se raciocina. Uma boa iniciação sobre equitação, é sem dúvida o melhor caminho para prevenção.
?Se você cair, o ideal é que se mantenha deitado no chão e aguarde algum tipo de socorro. Você mesmo pode começar seus exames. Mantenha a calma. Verifique se consegue respirar normalmente, se o seu coração está apresentando batimentos muito acelerados, se consegue sentir as extremidades do seu corpo e se é capaz de lembrar coisas simples, como o nome de sua mãe, saber o dia da semana, que evento se encontra participando?. etc. Difícil é cumprir estes conselhos.
(Foto 02)
Minhas quedas
Não vou detalhar todas, muitas tolas e sem consequências. Levei queda dentro de rio, dentro do mar, terra fofa, terra dura, rua calçada, asfalto, etc. Algumas me causaram prejuízos materiais significantes, (celulares, óculos, chave eletrônica de carro... Bem que foram perdas materiais). Outras me levaram ao hospital. Outras o cavalo teve que levar pontos em cortes profundos. O leitor pode imaginar, esse cara é ruim de cavalo! Não sabe montar! Responderia: excesso de confiança e traquinice são as causas. Quando saio pra montar recebo da minha esposa o conselho: cuidado, não vá fazer estripulias. Ela sabe que com cavalo gosto de travessuras... Mas, meus 63 anos, e meus 96 kg não permitem tanto como desejo!
A minha primeira queda entre oito ou novo anos, foi uma queda simples, se é que existe classificação para quedas de cavalos. Desse tipo, já ouvi muitos relatos parecidos. Queda de um excelente burro que meu pai tinha. Montado no animal em pelo e no cabresto como rédeas, ia eu feliz da vida, naquele trote que só criança aguenta, era por dentro de um cercado, o burro acostumado por uma trilha e eu na intenção de ir por outra, chamei-lhe o cabresto pra direita, ele foi abruptamente pra esquerda. Não deu outra. Fui cheirar terra. Sem outras consequenciais.
Muitas aconteceram ao longo da vida. Tem gente que se gaba de nunca ter caído do cavalo. Mas quem na expressão popular não caiu? Não sinto orgulho. Mas que caí muitas vezes não posso negar. E não foi só queda de cavalo não, foram outros tipos... Tombos da vida. Mas sempre bati a poeira e toquei pra frente. ?E levo esse sorriso por que já chorei demais, hoje me sinto mais forte, mais feliz quem sabe... Nada sei?. O importante é se levantar!
Fora os acidentes, existem sempre os incidentes. ?Quem nunca perdeu um estribo? Quem nunca desceu do cavalo, por ele está mancando? Quem nunca machucou um joelho em cancela ou cerca? Quem nunca teve um cavalo fujão? Quem nunca montou um cavalo que disparasse? Quem nunca sentiu medo em montar determinado cavalo?? Quem nunca se ?assou e se quebrou? por montar cavalo duro? Quem nunca caiu do cavalo? Afirmaria sem medo de errar, quem não viveu pelo menos uma situação dessas, nunca montou cavalo.
As minhas quedas de cavalo, motivo dessa crônica, narrarei não de modo cronológico, mas as que vou me lembrando.
As quedas que o cavalo empinou foram umas quatro ou mais. Sempre acreditei que Deus me protege. Pois poderia em muitas delas ter até morrido, ou ficado paralitico.
Uma queda besta, apear-se, e um pé ficar preso no estribo e o outro no chão. O cavalo andou, andou e eu feito um saci Pererê saltitando até cair. Nada de mais se não fosse em frente a uma vacaria, desta vez não cheirei terra, foi bosta mesmo.
(foto 03 ? A queda de o Zorro)
Estava viajando de Viçosa a Santana, três dias, cavalgada de Nossa Senhora Assunção, Chovendo, eu vestido com capa de chuva preta que cobria o cavaleiro e o cavalo. Por mangação, quando passava, ouvia: lá vai o Zorro! Em um local despovoado, apeei para verter ?agua? com capa e tudo, na hora de passar a perna sobre a sela, engancho perna na capa, capa sobre o cavalo: confusão geral. Eu sem controle da situação e na tentativa de corrigir meu erro assusto mais ainda o cavalo. Espantado, empina pra valer, aquela de cair pra trás. Não sei mais explicar, chão! De costa, queda feia! Molhado e enlameado, viajei esse último dia disfarçadamente dolorido. Os bons cavaleiros e amazonas, quando da queda e um companheiro são sempre solidários e reservados. Não sofri chacotas. Ainda bem!
Queda besta
Saímos da fazenda Cachoeirinha, município de Maravilha em direção a cidade de Ouro Branco. (Al.) Grupo de cinco cavaleiros. Ida perfeita. Lá, farra com amigos. O leitor já pode imaginar a volta. Todos mais ou menos encachaçados, não combina! Desmontei para verter a tal ?agua?, fui subir no cavalo sob efeito da danada da bebida, calculei minha elevação com muito mais força, não deu outra, passei direto sobre sela, fui ao chão do outro lado do animal. Muitos já caíram assim!
Queda que Deus me salvou.
Subimos a Serra da Caiçara, uma das mais alta de Alagoas, 840 metros de altitude, Município de Maravilha, alto sertão do Estado, distante de Maceió 240 km. Grupo pequeno, 10 pessoas montadas. Dentre elas meu irmão Mindinho e Alex meu sobrinho. Existem várias trilhas, umas suaves pelo Município do Poço das Trincheiras, outras mais íngremes e perigosas, lado de Maravilha, cidade da paleontologia brasileira. Subimos lado da Cidade de Poço das Trincheiras. Leste da serra, contornamos a metade do lado sul, Alguns trechos se andava batendo estribos, dois a dois. Subida tranquila. La curtimos a vista da bela paisagem de várias cidades do sertão alagoano, inclusive a cidade de Aguas Belas, no estado de Pernambuco. Existe uma trilha, das mais antigas, que desce pelo lado norte, terminando numa estrada vicinal bem próximo a Maravilha. A mais perigosa de todas. Decidimos trilhar pelo lado oeste da serra. Trilha também perigosa, um cavalo atrás do outro, no passo curto, devagar. Intensão era descer e sair na estrada que liga as cidades de Maravilha e Poço das Trincheiras. Seguiríamos contornando o oeste da montanha em direção ao norte, chegando em Maravilha.
Alguns cavaleiros iam na minha frente em fila indiana, era inverno, trilha em mata fechada pelos dois lados, em declive acentuado e mato sobre a trilha, ainda escorregadia e com muitas pedras no caminho. Na verdade cada cavalo escolhia onde pisar. Meu irmão logo atrás de mim, cada cavaleiro dando distância segura um do outro. Lembro-me muito bem da queda. Uma das mais rápidas, inesperada e perigosa que me envolvi. Estava relaxado montado na égua jabulani. Ladeira abaixo ela ia escolhendo onde pisar. Em um momento, ela vira a direita evitando uma grande touceira de capim, puxo pelas rédeas para passar sobre o capim. Veio a queda! Por baixo do mato, camuflada, existia uma pedra grande e redonda um pouco abaixo da altura do peitoral da égua. Ela viu! Eu não. Mesmo no passo lento, com as patas dianteiras ela deu um tranco. Primeira lei de Newton, da inercia: Quando o cavalo pára subitamente, o cavaleiro que estava em movimento tende a continuar em movimento, logo este é lançado para a frente. E eu fui literalmente ejetado da sela, passei voando sobre seu pescoço. Ex praticante de judô, colei o queixo no osso externo, forçando o corpo a dobra-se para um rolamento e colocando as mãos a frente para uma possível proteção. Tudo ato reflexo, sem pensar. Foi sem dúvida minha sobrevivência. Não sei bem explicar, sei que minhas mãos sentiram apoio em algo, antes de eu esperar, a pedra, meus braços amorteceram o rolamento e rolei com a nuca e costas sobre a pedra invisível. Na pirueta salvei de quebrar meu pescoço ou provocar uma grave lesão. Diz meu irmão logo me levantei, meus olhos pareciam querer saltar das órbitas, minha cor de vermelha bronzeada era branca que nem leite.
Afirma Mindinho que com meu voo sobre a frente da cabeça da égua, viu minha morte. Só depois de algum tempo vieram timidamente os risos e depois as deliberadas gargalhadas. Assustado e traumatizado não achei a menor graça. Com a cambalhota sai ileso. Graças a Deus!
O voo dos alforjes.
Em uma cavalgada já tradicional, todo mês de agosto, da cidade de Viçosa, zona da mata, a Santana do Ipanema, alto sertão de Alagoas, distante 140 km, seguíamos pelo segundo dia em uma estradinha plana e reta. Cavalos, mulas e burros descansados, em condições assim, é da natureza de quem cavalga fugir da marcha toada, equilibrada e adequada para os animais. Quase todos aceleram um pouco a velocidade. Himalaia é um cavalo de calor de sela, não diria de sangue quente, intermediário, seu ponto forte é o andamento em velocidade, e gosta. Formamos um bom conjunto, entende com presteza, obediência e muita confiança a todos meus comando. Vendo alguns amigos bem mais adiante, um simples comando de balançar as redes, ele se foi, deixando para trás um outro grupo que juntos estávamos. Eles presenciaram o espetáculo da queda. Como todas, foi muito rápida, o cavalo topou em pedras, ?pisou no cadarço? como aqui chamamos, não chegou a cair nem a se ajoelhar, abaixou o pescoço e saiu por curto tempo cai não cai. Energicamente e com força, ato reflexo, puxo pelas rédeas, e pela primeira e única vez ele Travou com as mãos. E lá vai eu mais uma vez voando pelos ares. Como descrever? Mal acabo de estatelar-me ao solo, sinto um bofetada nas costas. Os alforjes, com algum mantimento e bebidas, voaram também chocando-se comigo. A noite, quando o sangue esfriou veio uma forte dor nas costas, fui medicado com uma injeção por mãos que nem em animal possuía habilitação para fazê-lo. Amanheci bom.
Resultado de coice em cavalgada de político.
Coice, queda e hospital.
Cavalgada de político, cidade do interior, daquelas tudo 0800, mais de mil cavaleiros e amazonas. Comida, bebida, camisa, banda de música, tudo por conta do nossos próprios impostos. A cavalgada se transforma num evento ainda sem nome. Cavalos, motos, automóveis, carros de som, bicicletas, banda de música, aboiador e o diabo a quatro. Tudo junto e misturado. Como batizaríamos esse evento esdrúxulo?
Cada político de uma cidade deste sertão do nordeste, quer reunir mais vaqueiros que seus vizinhos. Cidades pequenas, com todos índices de desenvolvimento humanos os piores do mundo. Sem saúde e educação, mas nas festas de carnaval, dias de São Joao, São Pedro, Emancipação política, festa de padroeira, etc., o dinheiro aparece. São festas caras e o povão na sua ?santa? ignorância, cativado pelos maus políticos gosta, aplaude e participa efetivamente. E ai daquele que não realizar essas festas. Difícil se reeleger. Triste realidade.
Voltemos ao tema, minha queda. Ainda na concentração, aquele amontoado de cavalos de todas as raças e tipos, inclusive sem raça. Exames médicos veterinários, nem pensar. Estava eu montado, imprensado entre tantos outros, aguardando as palavras do político ?patrocinador? para se iniciar a cavalgada. Os animais literalmente imprensados. Eu, aflito doido que se iniciasse o excêntrico evento. Estávamos aglomerados compulsoriamente em um pátio da fazenda. Cavalo grudado em cavalo, na frente e atrás. Parecia um curral pequeno com bois demais. Do nada, aconteceu o acidente. Um cavalo próximo, não sei como, achou espaço para dar um coice no meu. E deu! Fiz algum comando de rédeas para livrar o peitoral do meu cavalo, sobrou pra minha canela. Pegou em cheio. A dor e a força do coice me jogaram ao ar. Fui desabar no outro lado, cai batendo entre outros cavaleiros e cavalos. Fiquei ao chão. Momentos angustiantes, no solo entre e embaixo de tantas patas, vendo o momento de vir a ser pisoteado. Abriu-se um pequeno espaço. Deus sabe como me levantei. Criou-se instantaneamente um inchaço em minha perna. Dor intensa e um edema abrupto e volumoso. Impossível ficar de pé. Sostenes Massuia, companheiro e amigo de cavalgada, logo me socorreu. Estávamos a 101 km de Maceió. Embarcamos os cavalos na nossa carrocinha. Destino: hospital na capital. Não conseguia colocar o pé no chão. A dor era intensa e insuportável. Após exames e radiografias, perna imobilizada por um bom tempo. Somente depois fiquei sabendo que o cavalo que deu o coice, o pusilânime do seu proprietário saiu dissimuladamente e as escondidas com seu cavalo coiceiro. Cavalgada de político nunca mais!
Contusão do joelho.
(foto 05)
Outro acidente grave. Este foi chamado a SAMU.
Estava treinando meu cavalo nas imediações do Haras, no Zé Tenório. Já voltando para o haras em uma estradinha de barro com algumas curvas, de um lado, muro de um conjunto residencial, de outro uma mata de altura relevante. Ia em uma marcha rápida, pela minha mão, a direita, na curva, de repente surgiram dois rapazes em uma bicicleta sem freio, um vinha sentado no quadro e o outro no selim. Eles vinham embalados descendo uma ladeira de pequeno aclive, vinham certo pela mão contrária. Nenhum motivo de preocupação. Mas de repente eles perdem o controle da bike e partem em minha direção, não deu tempo pra nada. Choque violento com a frente do meu cavalo, bicicleta e ocupantes sob as patas do animal. Cavalo assustado, uma das mãos presas nos raios da roda, reboliço total. O cavalo e cavaleiro em desespero.
Instantaneamente o cavalo começa então a corcovear, pinotear e saltar desordenadamente, tudo muito rápido, me vejo jogado para o alto e fora da sela, na decida uma das minhas pernas toca violentamente não sei precisar que parte do animal. A queda que poderia ser sem problemas, com esse toque me desorientou. Cai aterrorizado! Senti muita dor quando ao chão ?beijei?. Somente ao solo é que percebo a bagaceira. Eu com fortes dores no joelho, não pude ficar em pé. Os dois rapazes, também ao chão. Ambos, com os rostos e tórax ensanguentados, um logo ficou em pé, sangue na cara e camisa ensopada, chorava feito criança. O Outro gritava vou morrer, vou morrer... Muito sangue em ambos.
Eu ainda em choque, sem saber o que fazer. Não aparecia ninguém. Deveria ser umas 17:00 horas. Tentava ficar de pé não conseguia. Depois é que percebi a contusão do joelho. Grande edema, dificuldade de mexer, limitação de movimento e dor, muita dor. Quando o velho companheiro himalaia, mais calmo vem até a mim, não sei se foi por curiosidade, ou por me ajudar, mas veio. Sei que consegui segurando no cabresto e em um dos estribos e correias, ficar de pé e colocar um deles no estribo e com agonia voltar a montar. Estava a uns 800 metros do Haras. Toquei o animal pra lá. Fui me distanciando ouvindo cada vez menos as lamentações e choradeiras dos dois. Um ainda no chão. Chego ao Haras, antigo CEL, na época Haras Carro Quebrado, do nosso amigo Fabricio. Cheguei só eu sei, e ainda preocupado com os dois que lá ficaram.
Algumas pessoas que me viram chegar, notaram que algo estava errado. Pedi ajuda pra descer do cavalo. A mãe do Fabricio que carinhosamente chamamos de D. Cleide, foi uma que com os olhos arregalados veio me ajudar. Com o meu estado de dor, todos queriam saber o que aconteceu. Contei a história. Foram alguns peões socorrer os machucados ciclistas. Lembro-me que ainda ao chão, vi os outros dois também ao solo, fui reclamar: porra vocês vem pela contra mão! Entre o ?oi vou morrer, ai, ai, ai, ui, ui?, um deles reclamou, ?caraiu? aqui tem negócio de contramão não!
Final da história, chamei minha esposa que juntamente com um filho foram me buscar. Destino hospital. Chamaram a SAMU, Os dois acidentados Levaram pisadas dos cascos do cavalo na cabeça e tórax. Disseram que saíram com grandes cortes. Eu, vários dias com o joelho imobilizado.
Queda ao mar, cavalo e cavaleiro.
Sempre ou quase, o que acontece entre o cavaleiro ou amazona e o cavalo, é de responsabilidade ou irresponsabilidade do montador. Comandos errados, ousadia, imprudência... Falta de bom senso.
Estava em companhia de dois veteranos amigos e cavaleiros, Gildo Moraes e Luciano D? a Fonte. Era um bonito dia de sábado, maré seca, andávamos pelas praias desertas do litoral norte de Maceió. Uma tirada de mais ou menos 20 km. Sempre gostei de ver meu cavalo treinado e atlético. É tanto que na Etapa do Caminhos do Machador, realizada em Porto de Galinhas, Pernambuco, após cada prova, e depois o descanso regulamentar de 30 minutos, entre todos os cavalos participantes somente dois apresentaram a frequência cardíaca de recuperação entre 44 bpm, além de ótima aparência geral. O meu era um deles. O limite máximo é de 64, acima disso o animal é desclassificado, tirado das provas.
Litoral norte de Alagoas.
(foto 06)
Voltando ao passeio beira mar, íamos a esquerda a areia e a direita o mar. De quando em vez, realizava um bom galope, deixando meus dois companheiros para trás. Apesar de já com 63 anos, gosto dos galopes plenos, aqueles que o cavalo dá tudo de si. Foi num desses que em vez de ir reduzindo a velocidade pela esquerda, areia fofa, tentei faze-lo pela direita, galopando de volta pelas ondas do mar. Agua pouco acima das canelas do cavalo. Ia já quase parando, quando inesperadamente cai cavalo e cavaleiro em um buraco cavado pelas aguas. E o pior, veio uma grande onda cobrindo eu e o animal. Os companheiros que assistiram tudo, afirmam que literalmente sumimos submerso ao mar.
Realmente o cavalo afundou e eu junto, ele saiu por um lado e eu por outro, todo encharcado. Este imprevisto, significou um IPhone de última geração, um celular lanterninha, a chave do carro, um óculos escuro e um de leitura, todos perdidos. ?Vão-se os dedos, ficam-se os anéis?.
Outra ida ao Hospital, não caí, foi pior. Corrida de prado.
(foto 06)
Oriundo da Inglaterra, a corrida de prado é um tipo de corrida de cavalos, sem a formalidade do autentico turfe ou hipódromos. Consiste em se colocar dois ou mais cavalos para correrem em linha reta, com definida quilometragem. Geralmente de 300 metros. Difundida pelo Brasil, muito praticado no nordeste brasileiro. As apostas circulam nos bastidores, no meu sertão alagoano, como não existe fiscalização ou vigilância sanitária é comum, para aumentar vigor, a resistência e a velocidade, doparem os animais. Muito comum mesmo. Um crime. Mas, se até o cavalo da Rainha da Inglaterra também já foi pego no doping... Dizer o que.
Como já afirmou Artur Amorim, quem monta gosta de buscar limites, meu caso. Vindo de uma cavalgada direção Benedito Bentes a Paripueira, meio do mato e pelas trilhas e estradinhas vicinais, eu e meia dúzia de apaixonados por cavalgada, formávamos um pequeno grupo, todos felizes montados em seus cavalos. Eu e o companheiro Ivaldo, com dois bons cavalos e preparados fisicamente, não podíamos ver uma reta que soltávamos as rédeas em busca de ver quem ganhava a corrida. Parecia uma corrida de prado. Entendendo que estávamos ainda longe da rodovia Al 101, avistamos uma boa reta, ideal pra corrida de prado. Emparelharmos nossos cavalos e disparamos em galope pleno. Competição mesmo.
Cavalo dopado. Olhos e narinas alterados.
(foto 07 - Credito: cercamovel.Blogs.com.br)
Os animais alcançaram suas velocidades máximas. Pareciam raio e trovão juntos. A estrada, matagal dos dois lados e a frente uma leve curva a esquerda. Nesta curva, surpresa e espanto com o inesperado. A estrada se acabara, era perpendicular com a rodovia Al. 101. Isto com os cavalos em plena velocidade. Sabendo que a rodovia era de intenso movimento, risco de morte para o conjunto cavalo e cavaleiro caso tentássemos atravessa-la. E não dando tempo para brecar o cavalo, vi a direita uma casa e a frente duas mangueiras. Algumas crianças brincando a sombra das árvores. Aquele alvoroço para elas. A esquerda risco de morte, a direita um terreiro como escape. Ainda em plena velocidade, já tentando brecar meu cavalo, em velocidade me aproximo das duas mangueiras. Há menos de 3 metros, avisto na altura do meu peito, de uma árvore para outa, um fio de arame farpado, existiam cinco em paralelos para estender roupa. Acreditando ser somente um, de sobressalto e com destreza que a idade permitiu dei um mergulho a frente e de lado do pescoço do cavalo. Senti algo cortante no meu rosto e ombro direito. Pensei: só levanto o tronco quando o cavalo estancar. Foi minha salvação. Um dos outros quatros arames poderia me degolar. Brecado o cavalo é que vejo a bagaceira no meu rosto e nas costas. Entretanto, me livrei da degola... Da morte. Mas a cicatriz no rosto ficou para sempre.
O Ivaldo, fiquei sabendo depois. Jogou o cavalo no oitão da casa, vindo a cair ele e o animal. Sem maiores consequências. A cavalgada terminou aí. Mozart no hospital.
Prudencia, bom senso e responsabilidade.
Que eu, no meu passado de montaria, não sirva de exemplo pra ninguém
Lagendas:
01 - Cavalo Zezo. Muitas vezes somos responsáveis pelos acidentes.
02 ? Cavalo que travar as mãos, precisa ser bom cavaleiro para se segurar. É certa a ejecção da sela. (Crédito desconhecido)
03 - A queda de o Zorro
04 ? Zezo, mesmo parecendo jarrete arrebentado, com ajuda de todos, conseguimos retirar um dos troncos liberando assim sua perna e jarrete. Consegui-o sair ileso, só pequenas escoriações. Seu montador, Luciano nada teve.
05 - Contusão do joelho
06 - Litoral norte de Alagoas
07 ? Credito: cercamovel.Blogs.com.br
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