A História contada pelos historiadores, e os fatos relatados pelos que os vivenciaram

Geral

por Fernando Soares Campos

As histórias de batalhas e guerras (assim como as da política, das sociedades, das religiões, das revoluções, das civilizações, enfim, as histórias da humanidade) contadas pelos vencedores têm quase sempre um falso brilho, em que se entremeiam ações supostamente heroicas com um aspirado moral superior e pretendida moral alicerçada em consagrados princípios éticos.

Quando eventualmente os vitoriosos tratam dos seus próprios erros, dão sempre um jeito de atribuir a responsabilidade de seus ?equívocos? aos derrotados inimigos, que, segundo eles, os teriam ?ardilosamente? induzido a cometê-los. Também quando um dos seus pares pratica ilicitude, e o fato escapa a um providencial abafamento e cai no conhecimento geral, os ?bem-intencionados? contadores de suas histórias creditam a si próprios a justa correção de conduta, simplesmente condenando o ?pecador? ao ostracismo e fazendo crer que aquilo não passou de caso isolado, comportamento ?inabitual? entre os seus.

A maioria dos soldados nem sabe por que foi mandado para a guerra nem conhece os verdadeiros motivos que deram origem a ela. No caso da Guerra do Paraguai, ou Guerra da Tríplice Aliança, os ?Voluntários da Pátria? eram brancos e mestiços pobres, pegos a laço, arrancados à força de baixo da cama, ou negros escravos a quem se prometeu carta de alforria. Nas últimas guerras empreendidas de forma direta pelos EUA contra o Afeganistão e o Iraque, os novos escravos, latino-americanos que vivem semiclandestinamente no ?paraíso?, embarcaram para o front com a esperança de que, se voltassem, ganhariam a cidadania plena. Muitos voltaram e permanecerão para sempre em território estadunidense: no cemitério. E aqueles que sobrevivem aos combates mano a mano, ou aos massacres, geralmente contam suas histórias de forma atabalhoada, em vista das graves condições psicológicas que, em muitos caos, se traduzem em irreversíveis estados patológicos. Cabe, então, aos contadores oficiais de história dar forma aos seus relatos.

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