Um ano atrás a luta pela universalização do ensino superior teve uma batalha vencida: a universidade chegara ao Sertão. Esta que deveria ser uma conquista comemorada resulta, hoje, num momento de profunda tristeza para a Comunidade Acadêmica: vê-se após um ano uma universidade implantada pela metade no contexto da política de Reforma Universitária de mercantilização da educação.
A política de interiorização do ensino superior apresenta uma proposta de formação aligeirada já que os currículos foram rebaixados, há uma sobrecarga de trabalho dos professores, dissociação das esferas de produção do conhecimento (ensino, pesquisa e extensão) e as dificuldades infra-estruturais, como ausência de um prédio próprio.
O ensino superior baseia-se na indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão. No quadro atual do Campus do Sertão, não há viabilidade para pensar a universidade de maneira universal, como pede a produção do conhecimento socialmente referenciado. Faltam: uma biblioteca, condições específicas para pesquisa e há dificuldades de comunicação e transporte. Além desses fatores, não há uma política de permanência estudantil de qualidade. Não há um restaurante universitário, residência universitária e transporte público.
O quadro de professores opera no limite da sua capacidade. Professores concursados para serem efetivos podem, agora, depois de portaria do governo federal não serem nomeados. Assim, a expansão de vagas da Universidade fica comprometida e as demandas que se espera da universidade parcialmente embargadas. Um último golpe nas aspirações por uma universidade é o chamado ponto biométrico que deverá ser implantado brevemente para controlar o cotidiano dos servidores e discentes.
Diante desse cenário nos encontramos, estudantes, técnicos e professores, em estado permanente de mobilização pela qualidade do ensino público. Conclamamos os movimentos sociais como um todo para que se solidarizem com a nossa luta participando das atividades da agenda. Pedimos também a solidariedade e compreensão da comunidade delmirense para este momento de aflição e esperança.
APRESENTE E DEFENDA TAMBÉM SUAS IDÉIAS! DIALOGUE COM ESTA MENSAGEM, REFLITA, PONDERE, MAS TOME UMA ATITUDE!!!!
Com carinho.
Marilza Pavezi - Professora UFAL/Campus Sertão
Carta aberta a sociedade alagoana - a política de interiorização do ensino superior
OpiniãoMarilza Pavezi - Professora UFAL/Campus Sertão 07/04/2011 - 21h 00min Ilustração
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