Especialistas alertam sobre excesso de peso na mochila escolar

Saúde

Neide Brandão - ASCOPM-SESAU

De parceira à vilã. Acessório indispensável para quem carrega livros, apostilas e cadernos, a mochila pode representar um perigoso quando usado com excesso de peso. Sem os devidos cuidados necessários, a velha companheira das crianças e adolescentes poderá causar danos à saúde óssea, ocasionando problemas crônicos como má postura e até ocasionar desvios graves da coluna como a escoliose acentuada, a hiperlordose e a hipercifose. Neste início de ano letivo pais e responsáveis devem ficar atentos.

O alerta é do médico pediatra, Sergio Lira, que atua no setor de ortopedia do Hospital Geral. Ele explica que como a criança está em fase de desenvolvimento, ela não deve fazer muita tensão em partes isoladas no corpo, para que não haja alteração no crescimento.

Na avaliação do Especialista, são inúmeras as enfermidades que podem afetar uma criança ou jovem que utiliza mochila inadequadamente ou com peso superior ao permitido. ?Dores na região lombar, baixo rendimento durante as aulas, irritabilidade durante o período escolar são sintomas que podem estar relacionados com o excesso de peso das mochilas. As alterações ocorridas na idade escolar acarretam inúmeros problemas posturais e causam lesões gradativas,? disse.

A recomendação da Sociedade Brasileira de Ortopedia Pediátrica é a de que o peso da mochila fique sempre nos 10% do peso corporal da criança. Ou seja, se a criança pesa 25 quilos, a mochila deve pesar até 2,5 quilos. A organização da mochila deve privilegiar a utilização de todos os seus compartimentos de modo que os objetos mais pesados se encontrem no centro e mais próximos das costas, uma forma de prevenir problemas futuros.

Já o ortopedista Rogério Barboza, completa dizendo que a escoliose e a hipercifose, conhecida popularmente como corcunda, são os principais problemas que podem ser acarretados ou agravados pela má postura e o excesso de peso nas mochilas escolares.

"Mais de 70% da população possui desvios da coluna. O ser humano é assimétrico, com discrepâncias nos membros superiores e desvios na bacia. O excesso de peso pode causar a acentuação das deformações, provocando o achatamento dos discos intervertebrais e o encurtamento da cadeia muscular anterior do tronco", alertou.

Segundo ele, as mochilas devem ter tiras largas e acolchoadas, pois as estreitas podem causar compressão nos ombros, gerar dor e restringir circulação; também devem contar com duas alças, por distribui o peso uniformemente. Para proteger as costas, devem possuir acolchoamento posterior e serem confeccionadas com o material mais leve possível. Respeitando o peso, os pais também podem usar as de rodinhas, que são bem práticas.

?O acessório deve ser proporcional ao tamanho da criança para que possa se ajustar bem à coluna, sem folga. Vale lembrar que quando a mochila não está presa ao corpo, requer que o tronco vá para trás e força os músculos da criança, fazendo com que ela curve os ombros para facilitar o equilíbrio. O fundo da mochila deve ficar apoiado na curva lombar da coluna e nunca pode estar a mais de 10 cm abaixo da região da cintura da criança?, disse o ortopedista.

Corrigindo a postura ? Rogério Barboza alerta ainda que outras atividades realizadas incorretamente também podem trazer danos às crianças e aos adultos, como por exemplo a má postura ao assistir televisão e a prática de exercícios físicos de forma inadequada. Até mesmo a forma de dormir interfere.

A recomendação do ortopedista para os pais é investir desde cedo em atividades físicas e esportes. "Elas ajudam as crianças a manter a postura correta e evitam problemas na coluna, joelhos e quadris, que sofrem com o excesso de peso das mochilas", finalizou.

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