Arapiraca é a sede do maior escândalo da história na Igreja Católica Brasileira

Geral

por Emanuelle Oliveira www.cadaminuto.com.br

Monsenhor Luiz Marques é preso e padre diz que o Bispo sabia de tudo.

Foram três dias que abalaram a Igreja Católica e colocaram a cidade de Arapiraca como a sede do maior escândalo que a instituição já foi vítima em toda a sua história no Brasil.

Um padre preso, outro prestes a ser, mais um indiciado pelo Ministério Público Federal, outro supostamente em uma clinica de reabilitação para alcoolismo no interior do Paraná e por fim um último padre que só não foi preso por ter aceitado a delação premiada e portanto deve contar tudo sobre um esquema, que segundo ele mesmo envolve muito mais padres.

(Foto: Angelo Farias)

Ainda existiam questionamentos se tudo não se tratava de uma extorsão ou mesmo uma armação feita por uma beata insatisfeita em perder certos benefícios, mas a cada depoimento, a cada fato novo ficava latente a situação.

A confirmação das denúncias na sexta-feira, a confissão do Padre Edilson no sábado, o revoltante depoimento do Monsenhor Raimundo na manhã de domingo e por fim a prisão do Monsenhor Luiz Marques e a certeza que o alto clero de Alagoas sabia de tudo o que se passava e nada fazia.

Sábado
Uma revelação trouxe espanto às pessoas que participam dos depoimentos da CPI da Pedofilia em Arapiraca. O primeiro padre que foi ouvido, Edilson Duarte, com mais de dez anos de batina, confirmou o homossexualismo e disse que fez sexo com pelo menos três menores.

Depois de começar seu depoimento negando as acusações, o Padre Edilson foi pressionado pelos senadores e posto de frente aos ex-coroinhas Cicero Flavio Duarte e Fabiano Vieira, em um processo de acareação e acabou não resistindo.

?Eu não posso mentir, sou mesmo homossexual e fiz sexo com o Flavio e com o Fabiano quando os dois tinham 16 anos de idade?, disse o padre para espanto da platéia, inclusive de dois irmãos seus, que são militares e que imediatamente se retiraram do local ao ouvir a revelação.

Depois deste momento o padre Edilson não parou mais de falar e confirmou a casa na Barra de São Miguel, que era mantida pelos padres para orgias e encontros sexuais, e que o bispo Dom Valério era chamado de Vera Fischer, o Monsenhor Luiz Marques de Simone e o Monsenhor Raimundo de Mônica.

Ele confirmou ainda que uma das vezes que fez sexo com Fabiano foi dentro da Concatedral de Arapiraca e que já os presenteou com dinheiro de doações de fiéis.

Ele falou ainda, que a história de que uma criança desapareceu em Feira Grande foi inventada por ele para assustar os meninos, mas os senadores não se convenceram e pediram para ele parar de mentir, disseram que se ele contasse toda a verdade teria direito a delação premiada.

O padre aceitou, confirmou tudo e embarca para a Brasília onde vai delatar a participação de outros padres.

Domingo pela manhã

Lágrimas, tensão, emoção e até um confronto entre dois padres marcaram a manhã do domingo na CPI da Pedofilia, que acontece em Arapiraca. O depoimento do monsenhor Raimundo Gomes tomou toda a manhã e causou revolta entre os presentes ao Fórum de Arapiraca.

Negando qualquer envolvimento com os menores e mantendo o discurso de que tudo que estava acontecendo era uma retaliação da Carmelita, o discurso do monsenhor Raimundo começou a ruir quando o senador Magno Malta chamou o ex-coroinha Anderson, que confirmou, na frente do padre, que era molestado desde os 12 anos de idade.

Diante da negativa do Monsenhor Raimundo o senador chamou a mãe de Anderson, que confirmou o pedido do padre para que seu filho, então uma criança, dormisse na sua casa.

Ela se emocionou e fez com que o senador Magno Malta chamasse o padre Edilson, que havia confirmado ontem as acusações de que ele, o monsenhor Raimundo, o monsenhor Luiz Marques e o padre Enaldo Motta mantinham relações sexuais com os coroinhas.

O padre Edilson confirmou todas as acusações diante do monsenhor Raimundo, que se irritou e o chamou de aloprado. O senador Magno Malta pediu a palavra e se emocionou em uma intervenção, na qual dizia que era importante que o monsenhor Raimundo falasse a verdade.

?Olhe o que foi feito com estas crianças. Eu sou pai e é preciso que a gente acabe com isso. Diga a verdade, monsenhor Raimundo. Tente reparar o mal que você fez. Se você for inocente, nós iremos lhe ajudar, mas fale a verdade?, disse o senador, que logo depois chorou, levando a platéia também às lágrimas.

Domingo a Tarde

(Foto: Angelo Farias)

Durante o depoimento do monsenhor Luis Marques, prestado na tarde deste domingo ao senador Magno Malta, presidente da CPI da pedofilia e que desde terça-feira está em Arapiraca, foram feitas novas revelações sobre o envolvimento de padres com menores.

Monsenhor Luiz Marques, que aparece em um vídeo mantendo relações sexuais com um ex-corinha da igreja católica, afirmou ter recebido um duro golpe, por parte de quem comeu à sua mesa e citou trechos bíblicos ao contar que estaria sofrendo muito. "Fui condenado e apedrejado, assim como aconteceu com Jesus", destacou.

Ao ser questionado pelo senador se era homossexual, o monsenhor pediu para não responder a pergunta. Ele confirmou ter participado das cenas mostradas no vídeo, que foi destaque nacional no programa do jornalista Roberto Cabrini, no SBT, e chegou a ser comercializado nas ruas de Arapiraca.

O monsenhor disse estar arrependido e, ao ser colocado frente-a-frente com os ex-corinhas, Flávio, Anderson e Fabiano, para uma acareação, confirmou que pagava escola para os meninos com quem mantinha relações sexuais.
Ele destacou que, para isso, usava seu próprio dinheiro e negou se aproveitar das doações feitas pelos fiéis. O monsenhor também negou a acusação de que pegava nos órgãos genitas dos corinhas da igreja quando eles eram menores, mas foi desmentido pelas vítimas.

(Foto: Angelo Farias)

Os depoimentos estão sendo acompahados por dezenas de pessoas. Uma mulher chegou a gritar que não acreditava no que os ex-coroinhas diziam e foi avisada por Magno Malta de que seria retirada da sala, caso voltasse a interromper.

A versão do monsenhor Luis Marques foi confrontada com a do padre Edilson, que foi ouvido novamente pelo presidente da CPI, na tarde deste domingo. No depoimento prestado no sábado, ele confessou ser homossexual e prometeu ajudar no caso, em troca da delação premiada.

Durante a acareação o padre Edilson voltou a afirmar que o monsenhor também mantinha relações sexuais com os ex-corinhas e pediu proteção à CPI. "O monsehor Raimundo é uma pessoa perigosa", disse. Luis Marques afirmou saber que o padre Edilson matinha relações com menores e disse que chegou a avisar ao bispo Dom Valério Breda.
A Polícia Federal realizou buscas na casa do monsehor Luis Marques e encontrou várias garrafas de wisk, vodka e cerveja, que foram mostradas à platéia que acompanhava os depoimentos.

O monsehor disse que era normal ter bebidas em casa para oferecer as visitas. Mas, os ex-corinhas revelaram que ele costumava colocar wisk nos órgãos genitais das vítimas para fazer sexo oral.

Foram encontrados, ainda, cremes lubrificantes que aparecem no vídeo, sendo usados por Fabiano para ter relações sexuais com o monsehor Luiz Marques. Em sua defesa, o monsenhor disse que os ex-corinhas pediram R$ 5 milhões para destruir o vídeo e que depois de 30 dias, após uma negociação feita entre três advogados, ele entregou R$ 32 mil ao advogado Daniel Fernandes para que o dinheiro fosse pago aos jovens.

Porém, eles afirmaram que algumas contas no valor de R$ 500,00 foram pagas, mas que o resto do dinheiro não foi repassado. Os ex-coroinhas contaram que foram ameaçados pelo advogado, que disse ter conseguido mandados de prisão para eles.

Prisão

Mesmo após o pedido de perdão, a CPI pediu a prisão de monsenhor Luis Marques, por pedofilia, sendo ele detido imediatamente. Junto com ele foram presos Maria Isabel, que trabalhava na casa do padre e o seu motorista, José Reinaldo, os dois por falso testemunho.

Durante a operação de busca e apreensão feita na casa do monsenhor foi achado um passaporte que, de acordo com as delegadas e o senador Magno Malta, configuraria intenção de fuga. Luis Marques falou com a imprensa após o pedido de prisão e disse que ficou surpreso e que jamais tentaria fugir.

Por ser ex-militar existe uma dúvida se o monsenhor ficará em prisão especial ou emprisão domiciliar por ter 83 anos. Mesmo com a confissão muita gente se emocionou e, chorando, pediu para que o padre não fosse preso. Mas, a maioria se disse revoltada com a situação. Um dos fatos que mais revoltou a população foi que a operação de busca encontrou uma grande quantidade de bebidas (foto) e utensilios sexuais, como gels intímos e outros.

O Monsenhor Luis Marques vai ficar no Quartel dos Bombeiros de Arapiraca, o seu motorista José Reinaldo na Delegacia e Maria Isabel na Delegacia da Mulher. O senador disse ainda, que a prisão do Monsenhor Raimundo não está descartada.

"O Ministério Público não achou ainda provas suficientes para requisitar a prisão do Monsenhor Raimundo, mas acho bom ele abrir o olho, pois estamos indo para Brasília junto com o padre Edilson que deverá contar o resto do esquema".

O Monsenhor Raimundo chorou muito quando foi anunciada a prisão do Monsenhor Luis Marques e algumas pessoas gritavam e o chamavam de nojento, quando ele saiu do Fórum.

(Foto: Angelo Farias)

Os ex-coroinhas e seus pais estão desde ontem sob a proteção da Policia Militar.

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