Bem sei que soluços
não são solução,
Bem sei,
Mas esta não é a questão...
A questão contínua
Continua a ser ou não ser:
Eis a questão
Nesta segunda-feira de trevas
E Tânatos
De Pátria pétrea
E indignação!
No entanto choro por ti
Terra nostra
Pátria amada Brasilis!
Oh, indígena gente
Aceitai meu pranto
Como amargo presente
Pelo vosso passado
Pelo futuro que agora
Vos é furtado!
Ah, se este meu pranto
Virasse uma pororoca
Uma onda gigante
Um gemido atlântico
Um kuarup eterno
A que todos dessem ouvido
E ainda possível fosse
Estancar o sangue
Verde da floresta
Que de vossas veias escorre
Para vergonha nossa
E de todos os vossos filhos
Oh, mãe gentil!
Mas só tenho dois olhos
E dois canais
lacrimais…
Bem sei que meus soluços
Sendo apenas solucinhos
Não são solução
Mas sei também
Que embora parcos
Eles em vão
Não passarão
E com a benção de Quintana
Eles voarão
Como passarinhos!
POEMA DE JOSÉ GERALDO W. MARQUES
EM MEMÓRIA DE PAULINHO PAIAKA
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