Quando aportei em Santana do Ipanema, cidade que não conheço – eis a verdade -, a bordo do livro “Santana – Sua gente… seu humor”, do escritor Bartolomeu Barros, deparei com uma quantidade enorme de personagens que difundiram o segredo da verdadeira humildade e bucólica congregação feita daqueles momentos que deixam saudades fraternas.
Era mais uma experiência literária, talvez refletida na ânsia do autor, ou até minha, em difundir de um lado a pretensão de colocar no papel suas memórias, e do leitor, a curiosidade em conhecer causos peculiares, que traduzissem imagens, cenas e lembranças sem se condicionar ao tempo, mas respeitando-o.
Li o livro com a seriedade de esperar, talvez pelo título, algo mais superficial. Mas me enganei porque aquela gente, aquela cidade e o homem que descreveu o sustentáculo do “mote” para a obra, seguiram o ritmo natural das coisas. Assim a dizer: houve uma inserção de momentos que desconhecíamos, simplesmente porque todas as crônicas difundem uma razão solidária, repleta de um mecanismo que perpetuou amizades que se relacionaram, insisto em dizer.
O livro em si, assegura simplicidade na sua forma escrita e engloba o parecer fervoroso que toda obra do gênero produz. Vejamos o caso dos repentistas, citados por Bartolomeu: são homens simples que fazem do improviso a melhor poesia que existe na face da terra. E por terem a simplicidade carregada no peito, evoca uma simbologia tamanha, porque mostram a realidade sem floreios.
Livros escritos dessa forma trazem a plenitude da existência de coisas simples. Se o autor sabe expressar através das palavras escritas o que sente no seu cotidiano, é normal que consiga alavancar essa superioridade atraente que não existe em todo intelectual. Aliás, intelectual é aquele que encontra o anacronismo e chega muitas vezes a desvalorizar uma obra, seja livro, pintura, cinema, enfim a cultura de uma forma geral.
Por fim, Santana – Sua gente.. seu humor” é um livro sem rodeios, pena que alguns personagens, na sua grande maioria, estejam no “descanso eterno”, pois, caso contrário, estariam soletrando as palavras do Escritor Bartolomeu Barros nessa obra que retrata a profundidade de uma raiz interiorana, capaz de suportar as lembranças que agora estão edificadas em suas páginas.
Crônica publicada na seção Opinião da edição nº 3425 do Jornal Tribuna Independente de 02 de julho de 2019.
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